À medida em que o Enem e os principais vestibulares de verão se aproximam, o número de consultas que recebo a respeito de métodos de estudo aumenta de maneira expressiva. É claro que, na maioria das vezes, os alunos estão em busca de técnicas infalíveis que permitam uma conjunção quase sobrenatural entre aprendizado rápido, revisão eficiente e, lógico, desempenho espetacular nas provas. Mas garanto que vocês ficariam surpresos com o número de pessoas que acredita que o sucesso no Enem e nos diferentes vestibulares depende de uma rotina rígida em que o aluno dedique o maior número possível de horas aos livros. Já vi horários de estudo – acreditem: endossados por professores! – em que um total de 84 horas semanais de estudo era proposto aos alunos. É isso mesmo: são 12 horas de estudo por dia, 7 dias por semana. Respeito a opinião de quem acredita nesse modelo, mas a minha é bem clara: considero propostas como essa insanas, desumanas e de eficiência altamente questionável.
Desde 2008, já elaborei centenas de horários de estudo para os alunos de minha escola de Matemática. Até hoje, porém, muitos deles se surpreendem ao perceber algumas características comuns a todos os horários que proponho:
- Cada sessão de estudo tem duração mínima de 1h20min e máxima de 1h40min. É muito importante que o aluno não exceda a duração máxima de cada sessão, pois a probabilidade de perda de rendimento aumenta muito à medida em que a duração se aproxima de duas horas.
- As sessões de estudo não têm horário específico de início nem de término. O mais importante não é a rigidez dos horários, mas sim a observação da duração de cada sessão dentro do intervalo proposta, sua realização de maneira ininterrupta e a conclusão das sessões agendadas para o dia com tranquilidade e mantendo a concentração em alta.
- Todos os horários que monto incluem duas sessões de estudo por turno (manhã, tarde e noite). Para candidatos a cursos menos concorridos, elimino uma das duas sessões noturnas. Isso representa um total diário de 5 ou 6 sessões de estudo. Considerando a duração média de 1h30min por sessão, isso totaliza entre 7,5 e 9 horas de estudo diárias.
- Entre as duas sessões de estudo de um mesmo turno, insira intervalos com duração média de 20 minutos. Esses intervalos são baseados no conceito de “descanso ativo” recomendado pelo psicólogo especializado em provas, vestibulares e concursos Fernando Elias José, nosso amigo de longa data e também blogueiro do ClicRBS. Segundo o especialista, é durante esse intervalo que se maximiza a assimilação dos conceitos estudados no período imediatamente anterior.
- Normalmente, eu opto por bloquear completamente os domingos, a menos que o aluno tenha alguma razão específica para usá-lo como dia de estudo. A manutenção de um dia livre tem consequências altamente positivas e pode, inclusive, ser tratada pelo estudante como recompensa pelo cumprimento de todos os seus compromissos semanais.
Gostou do modelo? Que tal usá-lo para fazer seu próprio horário de estudos? Então mão na massa! Faça aqui o download de uma grade em branco e leve em consideração as seguintes dicas adicionais:
- Se você frequenta um curso preparatório tradicional, bloqueie o turno correspondente nos dias em que tem aula. Se é aluno de grupos de estudo com aulas semanais, indique as disciplinas na grade no horário em que as aulas acontecem e trate-as como sessões de estudo.
- Procure distribuir o número de sessões de estudo de acordo com os pesos das provas em seu curso específico, se for o caso, mas sem exagerar na dose! Não esqueça que muitas universidades, incluindo a UFRGS, adotam a média harmônica para classificar os candidatos, o que privilegia, evidentemente, a harmonia dos escores e torna perigosas estratégias de estudo excessivamente focadas nas disciplinas de maior peso.
- Procure também não realizar mais de uma sessão de estudo da mesma disciplina em um mesmo dia. Isso vale para a hipótese de você frequentar grupos de estudo – não agende a sessão de estudo da disciplina em questão para o mesmo dia. É importante você distribuir as sessões de estudo ao longo da semana para não ficar tempo demais afastado de cada disciplina, especialmente as de menor peso.
- Insira dois ou três “curingas” em seu horário semanal. “Curingas” são horários reservados para o estudo de qualquer disciplina conforme a necessidade, evitando, assim, a ansiedade promovida ao percebermos que certos conteúdos estão atrasados. Eu tenho o hábito de incluir um curinga no meio da semana, preferencialmente nas quartas-feiras à noite, e pelo menos mais um no sábado à tarde.
- Recomendo fortemente a utilização de um timer programável (há várias versões gratuitas disponíveis para computadores Windows e Mac e também para smartphones Android e iOS). No início de cada sessão de estudo, programe o timer para que o alarme seja acionado em uma hora e vinte minutos. Assim, quando ele soar, você saberá que dispõe de vinte minutos para encerrar a sessão atual. Se o momento em que você concluiu a leitura de um conteúdo específico ou terminou de resolver uma questão ficou próximo do limite mínimo de uma hora e vinte minutos, não fique ansioso: é melhor encerrar a sessão dentro do intervalo sugerido do que correr o risco de estourar o limite máximo de sua duração.
Se você precisar de algum esclarecimento adicional, use o espaço de comentários. E não esqueça de vir me contar se teu horário de estudos estiver dando bons resultados!