A Virada Sustentável ocupa agora lugar especial na agenda da cidade de São Paulo. Movimento de mobilização colaborativa para a sustentabilidade, sem deixar de lado o agito cultural típico da metrópole, o evento comemora quatro anos desde a sua primeira edição. A Virada reúne atrações e atividades com conteúdos ligados aos temas da sustentabilidade que se realizam simultaneamente em parques e espaços públicos, como o campus da USP na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira.
Entre os dias 29 e 30 de agosto, na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, foram promovidos mesas e debates voltados à temática – e como a sustentabilidade se relaciona diretamente com a comunicação. Além da ECA, atividades organizadas pelo Instituto de Oceanografia (IO) formaram o calendário que mobilizou a USP. Todas gratuitas e abertas ao público, as discussões chegaram à academia com o objetivo de apresentar à comunidade uma visão mais positiva e inspiradora sobre a sustentabilidade e seus diferentes temas.
Comunicar e ser sustentável
A ECA recebeu mesas e debates que abordaram vários dos pontos referentes ao assunto. A abertura do evento contou com palestra dos professores Massimo di Felici, Lucilene Cury e Ricardo Alexino Ferreira. A diretora da unidade, Margarida Kunsch, também esteve presente e ressaltou a importância da multidisciplinaridade quando se fala sobre desenvolvimento sustentável na universidade e celebrou este que é o segundo ano em que a ECA participa da Virada.
Lucilene, que é professora do Departamento de Comunicações e Artes (CCA), falou sobre a necessidade de se construir na ECA um curso voltado a esta área. Para isso, contou, foi idealizada e realizada ainda no primeiro semestre deste ano a disciplina Educomunicação Socioambiental, da Licenciatura em Educomunicação na ECA. Aberta para os alunos de licenciatura do curso de Educomunicação, a aula recebe também alunos de todas as unidades que sejam interessados no tema. A disciplina entra para o rol de mais de 80 programas da universidade que tratam do tema sustentabilidade, espalhados por toda a USP.
Alexino, professor do departamento de de Comunicações e Artes (CCA), apresentou uma leitura do tema em contraste ao apresentado pela imprensa. O professor recomenda que a sustentabilidade seja estudada “a partir de outros vieses, que não os estabelecidos pela mídia tradicional”. O pesquisador apresentou a necessidade de se questionar as coberturas sobre o meio ambiente, que segundo ele, ainda são muito eurocêntricas e nefastas – isso porque a natureza ainda é representada como desconhecida e distante das pessoas e que deveria ser tomada pela civilização.
Pegando carona na Virada, a equipe do Observatório de Comunicação, Responsabilidade Social e Sustentabilidade (Obscores) lançou o grupo, que tem como objetivo criar mecanismos que possam propor ações comunicativas capazes de contribuir para novas intervenções sociais relacionadas às temáticas de sustentabilidade e responsabilidade social. O propósito, dizem, é atender a uma demanda crescente da sociedade sobre as questões ligadas à preservação do planeta, à responsabilidade social das organizações e das instituições públicas e verificar qual é o papel da Comunicação em todo este contexto em que se quer promover modos de vida mais sustentáveis.
Centro de monitoramento e gerador de novos conhecimentos, o Observatório funcionará a partir de publicações, na forma de artigos, capítulos de livro e uma obra específica sobre o tema central da pesquisa e de pesquisas parciais resultantes de estudos realizados.
Águas, bicicletas e malabares
A sala 3 do CRP foi o ponto de encontro para quem estava a fim de se exercitar na manhã do sábado, durante a virada. Além de servir como um espaço para a concentração do Passeio Ciclístico, foi lá que rolou uma roda de conversa sobre cicloturismo com o uspiano Caio Caciporé.
O circuito de bicicleta aconteceu dentro do Campus da USP no Butantã, com paradas nas “águas da USP”, ou seja, todos os riachos e rios que cortam a Cidade Universitária. Nelas, campanhas de informações, discussões e medição da qualidade da água aconteceram com o auxílio de placas com QRCode que auxiliaram na visualização da condição das fontes.
Para os mais dispostos, a oficina de slackline promovida por Ana Moreno (IO) fez com que todos suassem a camisa na prainha da ECA – área de convívio dos estudantes da unidade -, onde também aconteceu outra oficina, com a prática de malabares proposta por Narayan Barreira. Os não tão habilidosos nestas práticas também puderam colaborar com o plantio comunitário de árvores, segundo os organizadores, uma ação educativa, artística e colaborativa que visou a criação de um jardim permanente com árvores nativas que simbolizam a “memória ancestral da Terra”.
Economia Solidária
Uma economia sustentável é aquela que cuida do meio ambiente e das pessoas incluídas nele. Foi o que IO mostrou em sua terceira Feira de Trocas do Núcleo de Sustentabilidade. O objetivo foi a reunião da comunidade para praticar a economia solidária, aprendendo a substituir o lucro, a acumulação e a competição pela solidariedade e cooperação.
Segundo seus organizadores, a atividade visou valorizar o trabalho, o saber e a criatividade humana, buscar um intercâmbio respeitoso com a natureza e repensar sobre a sociedade descartável em que vivemos.
Após acompanharem o esperado pôr-do-sol, os presentes puderam apreciar o Cine Solar, que foi o responsável pelo encerramento das atividades com a exibição do filme Entre Rios, seguida pela palestra com a professora Sueli Furlan, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) sobre a questão das águas na USP e em São Paulo.
ERRATA: Uma versão anterior deste texto dizia que o professor Alexino teria se graduado em Jornalismo pela Unesp. Alexino foi professor dos cursos de Graduação em Jornalismo e Pós-graduação (de 1995 a 2009) na estadual e está na USP desde 2009.
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