Duas semanas após a visita-relâmpago ao seu país natal e à casa em que cresceu, Malala publicou um relato com fotos de sua viagem ao Paquistão cinco anos e meio após a família ter deixado o país. Malala posta com os pais e os irmãos no jardim da casa em que a família morava no Vale do Swat, no Paquistão, até outubro de 2012, quando ela sofreu uma tentativa de assassinato por parte do Talibã
Reprodução/Twitter/Malala
Quinze dias depois de pisar em visitar o Paquistão em uma viagem breve e marcada pela forte segurança das forças militares, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai publicou um relato recheado de fotos sobre a sensação de rever seus amigos e sua casa cinco anos e meio após o atentado do Talibã que quase tirou sua vida.
Em um texto publicado nesta sexta-feira (13) no site do Fundo Malala, ONG que ela criou para defender o direito das meninas do mundo todo à educação, a jovem vencedora do Nobel da Paz e atual estudante de graduação da Universidade Oxford contou alguns detalhes sobre a curta visita e como ela, seus pais e seus dois irmãos mais novos se sentiram de volta ao Vale do Swat pela primeira vez desde outubro de 2012.
Segundo a jovem, a visita foi possibilitada pelo primeiro-ministro e pelo chefe das forças armadas do país.
“Aterrissamos no mesmo heliponto de onde eu fui evacuada em uma maca”, disse ela, que voou com a família do Reino Unido para Dubai e, dali, para Islamabad, a capital do Paquistão. Já em solo paquistanês, Malala chegou à região onde nasceu e viveu seus primeiros 15 anos em um helicóptero militar, cercada por um forte esquema de segurança que permitiu que ela visitasse o Vale do Swat apenas por poucas horas.
Malala é vista fotografando o Vale do Swat, região no Paquistão onde ela nasceu e cresceu, em sua primeira visita ao país em quase seis anos
Divulgação/Insiya Syed/Malala Fund
“Embora o tempo parecesse ter parado, eu já estava de pé no meu quarto com meu irmão”, recontou Malala sobre a velocidade do trajeto entre o heliponto e sua antiga casa.
“Quando eu não voltei para casa da escola naquele dia em 2012, minha mãe se perguntou se eu um dia veria meu quarto de novo, se ela um dia teria um momento quieto com sua filha em nossa casa”, continuou a jovem.
“Ver-me ali deixou minha mãe tão feliz. Ela disse: ‘A Malala deixou o Paquistão com os olhos fechados, agora ela retorna com os olhos abertos'” – Malala
Malala posa em frente aos seus troféus escolares em seu antigo quarto no Vale do Swat, no Paquistão
Divulgação/Insiya Syed/Malala Fund
A ativista contou que, durante as poucas horas da viagem, conseguiu rever parte de seus amigos e parentes. “Mais de 500 de nossos amigos e parentes vieram nos cumprimentar com abraços e orações. Tiramos muitas fotos e eu adoro olhar para elas agora que já retorneu ao Reino Unido”, disse.
“Minha maior esperança é que não passem mais cinco anos e meio antes de eu ver os rostos deles novamente.”
Mais pessoas e mais segurança
Malala também comentou sua impressão das mudanças sociais no Vale do Swat. Segundo ela, o crescimento populacional fez com que algumas áreas ficassem “congestionadas”, já que há muito mais casas e pessoas no Swat do que em 2012.
“Mas também há mais paz. Eu cheguei ao lado de uma colina e olhei para as montanhas do outro lado, onde o Talibã uma vez montou um quartel-general para suas forças na área – agora só há árvores e campos verdes.” – Malala
Ela disse, porém, que ainda há muito por fazer em seu país natal. “O Paquistão é o segundo, atrás da Nigéria, no ranking de crianças fora da escola, com 24 milhões de meninas e meninos sem acesso à educação hoje.”
“Meu sonho é ver todas as crianças do Paquistão na escola, com acesso a 12 anos de educação gratuita, segura e de qualidade, e trabalhando para construir um grande futuro para o meu país.”