O Brasil não foi descoberto pelos portugueses… Mais correto seria afirmar que o que o território que veio a se tornar o Brasil foi muito antes descoberto pelos índios.
Historiadores estimam que antes de 1500, antes da chegada dos portugueses na costa do que viria a ser o Brasil, existiam de 3 a 4 milhões de índios naquele território que estava prestes a se tornar o Brasil, espalhados pelos quatro cantos daquele embrionário país.
O povoamento da América do Sul estima-se ter tido início por volta de 20.000 a.C., segundo concordam a maioria dos pesquisadores. Existem indícios arqueológicos de seres humanos que habitavam no que hoje temos como o Brasil anteriores a um tempo que remonta um tempo estimando entre 12 e 16 mil anos antes de cristo encontrados nas escavações arqueológicas na Lagoa Santa em Minas Gerais, Rio Claro em São Paulo e Ibicuí Rio Grande do Sul.
Experiências antes da Conquista
Os povos indígenas no Brasil, os indíos brasileiros, compreendem um grande número de grupos étnicos distintos que habitaram o que hoje é o país do Brasil desde antes do contato europeu por volta de 1500.
Ao contrário de que pensava Cristovão Colombo, que achava que havia chegado às Índias Orientais, os portugueses (mais notavelmente Vasco da Gama) já haviam chegado à Índia pela rota do Oceano Índico quando chegaram ao Brasil.
No entanto, a palavra índios (“índio”) foi então estabelecida para designar o povo do Novo Mundo, e continua a ser usada até hoje na língua portuguesa para designar essas pessoas, enquanto uma pessoa da Índia é chamada de indiano a fim de distinguir os dois povos.
Na época do contato europeu, alguns dos povos indígenas eram tradicionalmente tribos semi-nômades que subsistiam da caça, pesca, coleta e agricultura migratória.
Muitos dos cerca de 2.000 povos e tribos que existiram no século XVI sofreram a extinção como conseqüência do assentamento europeu, e muitas foram assimiladas na população brasileira.
A população indígena foi largamente morta por doenças européias, declinando de uma alta pré-colombiana de milhões de índios para cerca de 300.000 (1997), distribuídos em cerca de 200 tribos.
No entanto, o número pode ser muito maior se as populações indígenas urbanas forem contadas em todas as cidades brasileiras atualmente.
Em 18 de janeiro de 2007, a FUNAI informou que havia confirmado a presença de 67 diferentes tribos isoladas no Brasil, em comparação a 40 em 2005. Com esse acréscimo, o Brasil ultrapassou a Nova Guiné como o país com o maior número de pessoas isoladas.
Os povos indígenas brasileiros fizeram contribuições substanciais e abrangentes para a medicina mundial com conhecimentos usados até hoje pelas corporações farmacêuticas, o desenvolvimento material e cultural – como a aclimatação do tabaco, da mandioca e de outras culturas.
No último censo do IBGE (2010), 817 mil brasileiros se classificaram como indígenas.
Resistências e Acomodações à Colonização
Já em 1511, a coroa colocou os índios sob sua “proteção” e ordenou o rei Tomé de Sousa que os colonizadores os tratasse bem, desde queeles fossem pacíficos, para que pudessem ser convertidos.
A conversão era essencial porque as reivindicações legais de Portugal para o Brasil eram baseadas em políticas papais que exigiam a cristianização dos índios.
No entanto, aqueles que resistiram à conversão foram comparados aos muçulmanos e podiam ser escravizados. De fato, como mostrou o historiador Sergio Buarque de Holanda, ao identificar o Brasil como destino do errante apóstolo São Tomás, os colonos portugueses conseguiram argumentar que todos os nativos tiveram a chance de se converter e o rejeitaram, de maneira que pudessem ser conquistados e levados a cativa legitimamente.
Assim, foi feita uma distinção entre nativos pacíficos e maleáveis que, como tutelados, mereciam proteção da coroa. E os resistentes que queriam manter sua independência e com relação aos quais poderia ser feita a “guerra justa” e a escravidão imposta.