Esse artigo foi originalmente publicado no blog da AR Live 5, agência a que estou vinculado como palestrante exclusivo. Quem acompanha meus escritos aqui no blog vai entender um pouco melhor a orientação de minha linha de pesquisa como aluno do mestrado acadêmico em Design na Unisinos – e tomara que também compreenda o que está por trás de minha falta de assiduidade por aqui. Estudar dá trabalho! Espero que gostem!
“Desde o início da década de 80, com o advento da computação pessoal, especula-se a respeito do potencial revolucionário da informática em termos de seu impacto sobre a educação contemporânea. Mais recentemente, a miniaturização e a proliferação de dispositivos conectados levaram muitos especialistas a afirmar que estaríamos diante de um contexto sem precedentes em termos de características que favorecem a promoção da inovação.
Ao contrário do que muita gente pensa, porém, inovação e tecnologia não andam necessariamente de mãos dadas. Embora, ao longo do século XX, o desenvolvimento da eletrônica e as inúmeras possibilidades resultantes das descobertas nesse campo tenham incentivado, de forma bastante intensa, uma associação direta e aparentemente inequívoca entre os dois conceitos, nem toda inovação envolve tecnologia, e nem tampouco tudo o que é tecnológico é inovador.
De modo geral, toda instância de inovação pode ser classificada como incremental, em que os produtos, serviços ou processos são alvo de melhoramentos isolados cujo impacto é relativamente pequeno, ou radical, que se traduz em mudanças tão significativas que promovem alterações no significado que as pessoas atribuem aos elementos associados ao processo inovador.
Em educação, curiosamente, a literatura especializada não aponta evidências de uma correlação positiva entre a intensidade do uso de tecnologia em sala de aula e a observação de melhorias no desempenho dos alunos. Em contrapartida, estudos mostram que os resultados de aprendizagem podem ser potencializados a partir de incrementos no grau de proximidade entre professor e aluno – também chamado de imediação.
Contrariando o senso comum, portanto, é o foco na imediação, e não na tecnologia, que tem revelado potencial para promover a inovação em ambientes educacionais. Esse cenário pode ser melhor delineado a partir de algumas colocações:
– Alunos aprendem mais e melhor na medida em que desenvolvem sentimentos fraternais em relação a seus professores;
– Professores que desenvolvem conexões emocionais com seus alunos são mais satisfeitos profissionalmente;
– O fortalecimento da percepção de proximidade entre aluno e professor potencializa a ocorrência de efeitos de sentido positivos, tais como motivação, entusiasmo e determinação, que favorecem o sucesso do processo educacional.
A verdadeira oportunidade de inovação radical na educação, portanto, reside no resgate dos elementos de relacionamento que contribuem para a percepção de proximidade entre professor e aluno. É a partir do foco nos componentes humanísticos que teremos a chance de dar aos processos educacionais novos significados e interpretações que venham a servir como instrumentos para o combate à indiferença.”