Ebola já infectou 759 pessoas e provocou a morte de 467 neste ano.
O vírus mata até 90% dos pacientes e se espalhou por três países da África.
O vírus do ebola. (Imagem: Thinkstock).
A epidemia do ebola está preocupando os moradores da África. A epidemia atual é a mais grave desde 1976, quando o vírus foi descoberto. Só este ano, o ebola já infectou 759 pessoas e provocou a morte de 467. O vírus mata até 90% dos pacientes e desta vez já se espalhou por três países da África.
A epidemia está fora de controle, segundo a organização humanitária Médicos Sem Fronteira. Há pacientes infectados em mais de 60 localidades em Serra Leoa, na Libéria e na Guiné, incluindo a capital Conacri.
O médico Paulo Reis é um dos 300 profissionais que atuam no combate ao ebola. Ele acredita que a proliferação do vírus para outras áreas da África é inevitável. Uma das razões é a falta de informação. As pessoas não têm ideia da gravidade da doença. “A população desconfia muito. Se você vai a uma vila isolada, às vezes eles nem te recebem. Precisa ter gente doente, pessoa morrendo para que a comunidade comece a aceitar”.
O vírus mata de quatro a dez dias e não há vacina. A doença provoca febre, dores de cabeça, nos músculos e fraqueza. Por isso é facilmente confundida com qualquer outra virose, o que dificulta a identificação até pelas equipes de saúde.
A transmissão é pelo contato com secreções do corpo. A qualquer sinal de febre o paciente tem que ficar isolado. Médicos, enfermeiros e todos que circulam pela área onde ficam essas pessoas precisam se proteger.
“É uma roupa descartável, de material sintético, totalmente impermeável. Inclusive com veda no zíper. É um capuz, máscara, duas luvas, óculos e um avental, que vem por cima de tudo. A roupa não deixa escapar suor. A roupa é vedada. A roupa hospitalar que você usa por baixo fica completamente encharcada quando você sai de lá em um dia quente”, relata o médico.
O desgaste físico e psicológico é tamanho que as equipes passam, no máximo, dois meses em áreas infectadas. Os médicos sabem que a maioria dos pacientes morre, mas cada vida salva é uma vitória e um estímulo.
Combate
Ministros da saúde de onze países da África estão reunidos para discutir a epidemia no continente. Os países africanos querem fortalecer a cooperação regional para evitar que o ebola se espalhe ainda mais. A Organização Mundial da Saúde já considera esse o pior surto da doença.
Ministros da saúde de onze países da África estão reunidos para discutir a epidemia no continente. Os países africanos querem fortalecer a cooperação regional para evitar que o ebola se espalhe ainda mais. A Organização Mundial da Saúde já considera esse o pior surto da doença.
Por enquanto, só há casos conhecidos em Serra Leoa, Guiné e Libéria, mas a OMS alerta que outros quatro países do oeste da África – Costa do Marfim, Senegal, Mali e Guiné-Bissau – precisam se preparar para a possibilidade de receber viajantes infectados.
Um dos descobridores do vírus disse que uma das formas mais eficientes de combater a epidemia é a informação. É preciso falar sobre a doença e aprender como evitá-la. O ebola é um dos vírus mais fatais do mundo.
Mortes em epidemia de ebola na África chegam a 467, diz OMS
O número de mortes atribuídas a uma epidemia do vírus ebola na Guiné, Libéria e Serra Leoa chegou a 467, de um total de 759 casos conhecidos, informou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta terça-feira (1º).
O número inclui casos confirmados, prováveis e suspeitos. Um balanço anterior da OMS divulgado em 23 de junho falava em 399 mortes de um total de 635 casos desde o início da epidemia.
A OMS começou a reportar novos casos de ebola na África Ocidental em março deste ano, após notificação do governo da Guiné de que 29 pessoas haviam morrido da doença.
A OMS convocou para esta quarta (2) e quinta-feira (3) uma reunião com ministros da Saúde de 11 países africanos para tratar da epidemia.
Segundo a organização, a atual epidemia de ebola é a mais grave já registrada pelo número de casos e de mortes constatadas, e também por sua propagação geográfica.
Na sexta-feira, a OMS já tinha advertido para o risco de propagação da epidemia de ebola para os países vizinhos às nações afetadas, mas considera contraproducentes as restrições de deslocamento.
Na grande maioria dos casos registrados, o vírus é transmitido por contato nos serviços médicos, mas também nos funerais, pois o vírus se mantém presente nos cadáveres.
O epicentro da epidemia está nos arredores da cidade de Gueckedou, no sul da Guiné. Dali se espalhou para Serra Leoa e Libéria, pois muitos doentes viajam até Conakry ou Monróvia para receber cuidados médicos, segundo a OMS.
Descoberto em 1976, na atual República Democrática do Congo (RDC), o vírus do ebola é muito contagioso e o índice de mortalidade pode atingir 90% dos casos, ainda de acordo com a organização.
A doença é transmitida para o homem através de animais selvagens e também entre seres humanos.
Não existe uma vacina homologada contra a febre do ebola, que se manifesta com hemorragias, vômitos e diarreia.