Astronomia é a observação do céu e a dedução de propriedades físicas dos astros, planetas, buracos negros e outras estruturas do Universo. Isso, normalmente, é feito através da observação de luz visível. A radioastronomia, ao invés de captar as ondas visíveis de luz, usa ondas de rádio para analisar as propriedades.
As características são as mesmas – o que difere uma área da outra é a forma como as propriedades são estudadas e percebidas. As ondas de rádio não são captadas pelo olho humano. Todas essas medidas se completam e ajudam a entender e deduzir o que acontece no Universo.
Para ampliar os seus estudos na área, o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP, em parceria com a Fapesp, assinou um convênio de radioastronomia com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina, para a construção de um radiotelescópio.
As ferramentas mais comuns na astronomia são os telescópios ópticos, nos quais as lentes refletem os feixes de luz em um jogo espelhos que monta a imagem em um receptor.
O professor Jacques Lépine, coordenador brasileiro do convênio, explica que na radioastronomia, “uma grande antena, o radiotelescópio, é responsável por recolher a radiação e transferi-la para uma placa em que as ondas de rádio são transformadas em espectro, a luz em função do comprimento de onda”. As diferentes linhas no espectro podem ajudar a identificar a composição de planetas e estrelas, por exemplo.
Um radiotelescópio é um prato com forma parabólica que concentra as ondas de rádio do infinito e as projeta em um suporte de análise. As informações podem tanto mostrar as moléculas presentes no objeto analisado, quanto uma radiação muito forte que cobre todas as frequências igualmente.
LLAMA
Nomeada de LLAMA (Large Latin American Millimeter Array), a antena terá 12 metros de diâmetro, sendo capaz de detectar ondas de comprimento milimétrico e submilimétrico. A previsão é de que o radiotelescópio entre em funcionamento até 2017.
O local escolhido foi a Cordilheira dos Andes, a cinco mil metros de altitude, próximo à cidade de de San Antonio de Los Cobres, onde a camada de gases que forma a atmosfera é menor, há maior possibilidade de captar emissões de frequências mais altas, ainda pouco estudas pela radioastronomia mundial. No Brasil, não existem picos tão altos.
No lado Chileno da fronteira dos Andes, já há um projeto semelhante, o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array). O convênio mundial entre Estados Unidos, Canadá, União Européia, Japão e outros países construiu 66 radiotelescópios e custou 1,5 bilhões de dólares. Entretanto, Brasil e Argentina ficaram de fora do convênio, motivando o consórcio entre os países.
Do lado brasileiro, haverá um aporte de US$ 10 milhões da Fapesp para construção da antena do LLAMA, pela empresa alemã Vertex Antennentechnik, e desenvolvimento de outros equipamentos no IAG.
Os argentinos são responsáveis pela parte de infraestrutura: a estrada até o local, a base de concreto onde vai ser montada a antena, as linhas elétricas, geradores a base de gás, e as redes de telecomunicações, com o custo de US$ 8 milhões.
O observatório ficará em uma região mais baixa, cerca de 3800 metros de altura, para facilitar a adaptação dos pesquisadores e técnicos. O objetivo final é observar remotamente, com os dados sendo enviados a São Paulo.
Entre as linhas de pesquisa que o Instituto pretende desenvolver, está o estudo de jatos de matéria que os objetos espaciais emitem. O professor Lépine, por exemplo, tem interesse em descrever a estrutura da Via Láctea e conhecer sua geografia e a configuração de seus braços espirais – o que é difícil de fazer com telescópios ópticos. Isso porque nos encontramos dentro desta galáxia, e assim a estruturas ficam sobrepostas.
Segundo o professor, sondas espaciais demorariam mais de 1 bilhão de anos para fotografar a galáxia por fora. Portanto, estas observações precisam ser feitas através de emissões de rádio.
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