Marcela Baggini / Assessoria de Comunicação do Campus de Ribeirão Preto
Pesquisa realizada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP detecta que a maioria das crianças da periferia de Ribeirão Preto está com parasitas. De acordo com a enfermeira Renata Pagotti, as crianças são os alvos preferidos dos parasitas intestinais. “Nesta faixa etária, os hábitos de higiene são, na maioria das vezes, inadequados e, além disso, a imunidade é baixa.”
Na dissertação de mestrado Prevalência de enteroparasitas na área de abrangência de uma Unidade de Saúde da Família no município de Ribeirão Preto – SP, a pesquisadora, orientada pela professora da EERP Beatriz Rossetti Ferreira, associou o perfil socioeconômico e comportamental dos entrevistados com a presença de parasitas.
As análises foram feitas com crianças atendidas pela Unidade Básica de Saúde do bairro Maria Casagrande Lopes, que recebe moradores do Conjunto Habitacional Alexandre Balbo, Loteamento Jardim Orestes Lopes e Parque dos Pinus.
“Diversos estudos mostram que há uma prevalência maior de parasitas em regiões economicamente menos favorecidas, pelo fato de que nesses locais há carência de tratamento de água, esgoto, recolhimento de lixo e controle de vetores”, conta a pesquisadora. “Porém, em nossa pesquisa essa associação não foi encontrada, apesar da alta prevalência de enteroparasitas detectada no exame de fezes.”
Hábitos perigosos
A pesquisa evidencia que a maioria das 462 crianças entrevistadas consumia água diretamente da torneira (67,2%), que também era utilizada para lavar as frutas e verduras (49,9%). “Esses hábitos são perigosos, pois se a água estiver contaminada pode levar a problemas como amebíase, giardíase, hepatite infecciosa e tantas outras doenças”, alerta a enfermeira.
Chamou atenção da pesquisadora o fato de que 51,1% das crianças brincavam descalças na rua. “Essa prática é um fator de risco para aquisição de parasitas como o do amarelão, encontrados nas fezes das crianças do estudo. As crianças devem estar devidamente calçadas ao sair na rua”, recomenda Renata.
Outro resultado mostrou que a maioria dos contaminados eram meninos. “O sexo masculino está em maior contato com o solo e ambientes contaminados devido às brincadeiras escolhidas”, afirma Renata. “As meninas costumam ficar em contato mais próximo com as mães em atividades dentro de casa, e isso provavelmente seria um fator de proteção.”
Presença de enteroparasitas
A parasitose mais presente foi a giardíase, encontrada em 50,8% das crianças. Em seguida, foram as lombrigas (17,8%) e o oxiuros, presente em cerca de 6% das crianças analisadas. “A maioria das crianças possuía apenas um tipo de parasita (64,9%), mas cerca de 30% delas possuíam mais de uma espécie em seu intestino”, fala a pesquisadora.
Renata conta que os principais sintomas da presença de enteroparasitas são cólicas abdominais, enjoos, diarreia, falta de apetite e fraqueza. “Os parasitas trazem prejuízos à saúde tanto do adulto quanto da criança. O ganho de peso fica comprometido, além do desenvolvimento físico e mental.” Vale ressaltar que, depois de diagnosticadas, as crianças foram atendidas e medicadas.
Mais informações: (16) 3315-0537
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