Musa inspiradora de inúmeras produções literárias e artísticas, a capital paulista sedia até o dia 31 de agosto um dos maiores eventos do livro na América Latina, a Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que chega agora à sua 23ª edição. Sua condição de metrópole musa, aliás, é um dos temas presentes na intensa programação cultural proposta pelo evento. Além de abrir espaço para editoras, livrarias e distribuidoras, a Bienal traz palestras, debates, apresentações musicais e atrações para públicos de todas as idades, característica que transparece no tema escolhido para este ano: “Diversão, cultura e interatividade. Tudo junto e misturado”.
Neste ambiente, que abarca desde jovens leitores da best-seller Cassandra Clare até fãs de histórias em quadrinhos e interessados em leitores de livros digitais, o editor do Jornal da USP Roberto C. G. Castro lançou o resultado de sua dissertação de mestrado, defendida na Faculdade de Educação (FE) da USP. “É a primeira vez que venho à Bienal como autor, é uma grande realização”, afirmou o jornalista e filósofo. O livro Demóstenes Educador, que sai pela Editora Universitária Leopoldianum, pode ser encontrado no estande da Associação Brasileira das Editoras Universitárias (ABEU). Mais conhecido por seu legado como o maior orador da antiguidade grega, Demóstenes também pensou a educação, a ética e a política – e é esse ponto de vista, ainda pouco explorado, o foco da obra de Castro, que resgata as concepções do orador ateniense, trazendo seu pensamento para a política e a educação de hoje.
Veja o vídeo sobre a participação da USP na edição passada da Bienal
O tema da educação também foi o que levou a jornalista Denise Aielo à Bienal. Aluna do curso de Gestão de Comunicação e Marketing da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Denise é assessora de imprensa na área de livros didáticos e esteve na feira durante vários dias para acompanhar palestras e lançamentos. “Aqui é um lugar riquíssimo para o meu trabalho, porque consigo me atualizar, de forma intensa, sobre assuntos mais recentes que envolvem cultura e educação”, contou. Depois de percorrer os corredores da Bienal buscando os descontos oferecidos pelas editoras, ela assistiu à palestra “Impacto das tecnologias disruptivas na vida, nos negócios e na educação”, no estande da Abrelivros.
Tudo junto e misturado
Nomeados de A até a letra N, os corredores da Bienal, organizados no Pavilhão de Exposições do Anhembi, recebem, além do público habitual de interessados na leitura e nas atividades com autores e personalidades, vários grupos escolares – a organização estima recepcionar até o final do evento cerca de 800 mil visitantes. Entre eles, está a auxiliar administrativa Eliene Alves Solé, que veio de Santos para acompanhar a feira pela primeira vez. “Tive a oportunidade de vir em uma excursão pela empresa e achei um evento maravilhoso. Gostei muito e vou voltar em 2016″, afirmou. Eliene foi à Bienal acompanhada de seu filho Gabriel, de 8 anos, que participou de uma oficina para crianças, no Espaço Imaginário, voltado à contação de histórias e atividades lúdicas.
Algumas “quadras” a frente, o Salão de Ideias recebia pensadores de diversas áreas em discussões sobre temas atuais, como os protestos ocorridos no país em junho do ano passado. Com o tema “A urgência das ruas”, participaram da conversa o cientista político Francis Dupuis-Déri, da Universidade de Québec, no Canadá, e o filósofo Pablo Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas oferecido pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Também filósofo, o professor da Faculdade de Filosofia Letras e Ciências Humanas (FFLCH) Vladimir Safatle participa no dia 28 de debate sobre a violência na política, na sociedade, na cultura e na arte brasileiras.
No mesmo Salão de Ideias, esteve presente o professor do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão da ECA, Carlos Augusto Machado Calil. O cineasta e ex-secretário municipal de Cultura de São Paulo foi um dos participantes do debate “São Paulo metrópole musa”, junto ao fotógrafo Cristiano Mascaro e à escritora Maria José Silveira.”A gente sempre se surpreende, porque a Bienal vai tomando caras novas, se modificando ao longo do tempo”, comentou.
Durante o evento, Calil falou sobre sua relação com São Paulo, a representação da cidade em filmes e documentários e sobre a necessidade de apropriação do território comum da cidade pela população. Para o professor, é possível perceber na Bienal a dimensão da produção editorial brasileira e o interesse das pessoas pela leitura, ainda que a percepção comum possa dizer o contrário.
Neste ano, a Edusp, que é a maior editora universitária brasileira, não montou estande na Bienal do Livro, mas se prepara para a Feira Internacional do Livro de Gotemburgo, na Suécia, que começa no próximo mês.
Serviço
A 23ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo acontece até dia 31 de agosto, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, localizado na Av. Olavo Fontoura, 1209 – Santana, em São Paulo. O horário de visitação de segunda à sexta-feira é das 9 às 22 horas; aos sábados e domingos, das 10 às 22 horas; e no último dia da feira, das 10 às 21 horas. Mais informações sobre o evento na página http://www.bienaldolivrosp.com.br.
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