Mais do que belos gols, o futebol tem estampado, com frequência, as páginas de esportes, com denúncias de má gestão e desvios. Durante a Copa do Mundo, inclusive, altos dirigentes foram investigados, expondo de vez a crise no esporte. No vôlei também, escândalos de corrupção envolvendo a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) e iniciativa privada levaram a se cogitar uma CPI do Esporte Olímpico.
Este turbilhão de acontecimentos é o cenário em que alunos da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP desenvolveram uma entidade que visa melhorar o esporte nacional. Mas não com foco na prática, e sim no que dá condições para ela se desenvolver de maneira plena: a gestão.
A FEA Sports Business surgiu, assim, como uma entidade universitária que busca contribuir para mudar as diretrizes da gestão esportiva no Brasil. Criada pelo estudante do 5º ano, Vinícius Loureiro, o grupo visa atuar ativamente na profissionalização da área, a partir de quatro pilares de atuação: pesquisa, eventos, responsabilidade social e consultoria.
Quatro pilares
Tida como base para todos os seguintes, a pesquisa ocupa lugar de destaque entre os pilares que formam a FEA Sports. Como incentivo à produção de artigos acadêmicos de qualidade em gestão esportiva, o núcleo de pesquisa conta com o apoio de professores tanto da FEA quanto da Escola de Educação Física e do Esporte (EEFE).
Albert Liu, diretor de pesquisa e aluno do 3º ano de Economia, conta que o núcleo é responsável por encontros de formação interna, com grupos de leitura e discussão, para a formação de pessoal para o trabalho em outras áreas da entidade.
A segunda linha de atuação é a realização de eventos, como palestras e seminários para o debate desta temática. Liu acredita que assim é possível atualizar os alunos interessados em gestão esportiva, trazendo profissionais do mercado com diferentes visões sobre o assunto. A capacitação dos alunos os leva ao terceiro e ao quarto pilar: ações sociais e consultoria.
Pelo lado social, a ideia é prestar consultoria gratuita a ONGs relacionadas ao esporte. “Muitas vezes alguém da comunidade tem uma ideia muito boa, quer criar algo relacionado ao esporte”, exemplifica Liu, “mas não tem conhecimento para fazer isso e acaba passando por diversos problemas”.
Por fim, clubes e confederações que queiram uma consultoria, podem encontrá-la na FEA Sport Business. Neste caso, os valores arrecadados subsidiam as outras áreas da entidade, que são gratuitas.
Iniciativa estudantil
Fundada em maio de 2014 por alunos da FEA, a entidade é exemplo de empreendedorismo. O presidente e fundador Vinícius Loureiro, que já é formado em Direito, sentiu a necessidade de uma maior especialização em gestão esportiva. Isso porque, desde sua primeira graduação, Loureiro atua na área esportiva. Foi trabalhando com a Liga Nacional de Basquete que profissionais da área abriram seus olhos para a necessidade da criação de algo direcionado à gestão na FEA. Após tentativas de se juntar à Atlética da unidade, percebeu que as propostas, apesar de atuarem na mesma área – o esporte – eram distantes. Foi então que decidiu criar uma entidade do zero, incentivando a formação em uma área carente de profissionais capacitados no mercado.
“Já falamos com alguns professores da EEFE”, conta Albert Liu, ao destacar que a unidade já tinha um grupo de estudos sobre gestão esportiva formado antes da iniciativa FEA. “Apresentamos a FEA Sport Business e eles nos garantiram todo o apoio possível”, diz.
Ainda exclusiva para alunos da FEA, Liu promete abrir em breve as portas da entidade para alunos de todas as unidades – sendo que estudantes da EEFE e da ECA já manifestaram interesse. “Estamos primeiro nos estruturando e, por enquanto, só feanos participam mesmo, mas pretendemos abrir o grupo para que outras unidades venham também trocar experiências”.
O diretor de pesquisa quer apagar a ideia de que quem deve vivenciar a gestão esportiva é somente aquele capacitado em atuar no esporte, como jogadores e treinadores. De acordo com Liu, em geral este perfil de profissional costuma não dominar as técnicas de gestão, o que se reflete nos inúmeros problemas de clubes endividados e esquemas de corrupção. Para ele, uma melhor gestão esportiva pode ser feita por quem entende de gestão – conhecimento que vem principalmente da pesquisa. “A pesquisa revisa, aperfeiçoa e cria novas técnicas de gestão”.
Projetos futuros
Além da organização de eventos na própria FEA, a entidade tem como meta publicar, até o final deste ano, um artigo científico apresentando a primeira pesquisa do núcleo. O trabalho busca entender o impacto de crises financeiras no mercado esportivo. Ainda em processo de coleta de dados, como PIB esportivo e PIB nacional, o grupo irá cruzar informações para compreender melhor esse panorama. As Olimpíadas também são promessa de farto material para a produção de outros estudos, como espera Albert.
A entidade também firmou uma parceria com a EEFE USP Júnior, e está prevista a realização de um evento na própria EEFE. Como o presidente da entidade já participa regularmente do Supremo Tribunal da Justiça Desportiva de Fisiculturismo, pretende trazer para a Universidade um julgamento. A atividade, ainda sem data definida, será seguida por palestras de gestão esportiva com profissionais da área.
Mais informações: sites http://feasb.blogspot.com.br/ e https://www.facebook.com/feasb
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