Silvana Salles / Jornal da USP
Cinco anos atrás, a maioria absoluta dos estudantes de ensino médio que chegavam à Feira de Profissões da USP tinha um perfil semelhante: eram, em geral, alunos matriculados em escolas particulares. Na edição deste ano, a oitava do evento, o perfil dos visitantes mudou. Pela primeira vez, a feira recebeu mais grupos de escolas públicas do que de particulares. A Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária, responsável pela organização, afirma que a 8ª Feira de Profissões teve 49.604 visitantes inscritos, dos quais 24.500 estão matriculados na rede pública de ensino básico – equivalente a 49% dos inscritos. Outros 42% vinham de escolas particulares e os demais, das chamadas escolas filantrópicas, confessionais e comunitárias.
Como há ainda muitos jovens que chegam à feira com a família, sem inscrição prévia e fora dos grupos de escolas, a estimativa é que o número total de visitantes tenha ultrapassado os 50 mil nos três dias do evento, que aconteceu entre 7 e 9 de agosto.
O equilíbrio de participação entre alunos da rede pública e da rede privada na Feira de Profissões era uma meta da organização. Com o objetivo de aproximar da Universidade os estudantes oriundos das escolas públicas, houve a preocupação em oferecer uma série de informações sobre os programas de auxílio e permanência disponíveis, sobre o cálculo do bônus para os alunos de escolas públicas na pontuação do vestibular e espaço para pedir isenção ou redução de taxa de inscrição para as provas no estande da Fuvest.
“Em 2009, os frequentadores da feira ficavam em torno de 8 mil estudantes. O que eu percebi é que era um evento sobretudo para as escolas privadas. Fizemos um convênio com a Secretaria da Educação, que neste ano fretou ônibus que privilegiaram estudantes de escolas com baixo índice de aproveitamento. No ano passado, praticamente equilibramos a relação entre escola privada e pública. Vem crescendo o domínio da escola pública. É uma feira cidadã, nesse sentido”, diz a pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda.
Praticamente equilibramos a relação entre escola privada e pública. Vem crescendo o domínio da escola pública. É uma feira cidadã, nesse sentido.
Segundo Maria Arminda, todas as unidades de ensino da USP participaram desta edição da feira, com exceção da Faculdade de Educação, do Instituto de Ciências Biomédicas e da Escola de Enfermagem. Diferente dos outros anos, no entanto, 2014 não contará com a edição do evento no interior.
As carreiras mais procuradas neste ano, além das tradicionais Medicina, Engenharia e Direito, foram Relações Internacionais e o curso de Têxtil e Moda da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH).
Mudança de local
Inicialmente, a Feira de Profissões seria realizada no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp) pela quinta vez. No entanto, em razão do movimento grevista na Universidade, a organização reconsiderou o local do evento, transferindo-o para o Parque Cientec, localizado no Cursino, na zona sul da capital paulista.
A mudança, a menos de uma semana da abertura do evento, teve de ser acompanhada por um esforço para comunicar às escolas inscritas e aos demais interessados, viabilizar transporte e orientações para quem ia para o parque a partir do Metrô Jabaquara e adaptar o planejamento para o novo local. Um dos espaços da feira, destinado aos educadores, foi prejudicado pela mudança. O espaço deveria oferecer informações sobre cursos de línguas e extensão gratuitos disponíveis para os professores da rede pública de ensino básico e acesso on-line ao acervo das bibliotecas da USP. Também houve alguns contratempos com ônibus fretados pela Secretaria de Estado da Educação, que acabaram indo até a Cidade Universitária em vez de seguir para o Cursino.
Correram normalmente as demais atividades e atrações, como as apresentações de cursos, o Show da Física, a orientação vocacional oferecida pelo Instituto de Psicologia e a Sala de Bate-Papo, onde foram realizadas sessões de conversas entre vestibulandos e docentes da USP. Houve também estandes de parceiros e do patrocinador Banco do Brasil.
Em meio à complicada crise hídrica pela qual o Estado de São Paulo passa, com uma série de relatos de falta d’água em comércios e residências de diferentes regiões, a Sabesp levou à feira um dispositivo que apresenta formas racionais do uso de água. O Centro de Estudos da Marinha apresentou ao público um minissubmarino e os equipamentos utilizados para mergulho e montanhismo militar. O Centro Paula Souza, que participa da Feira de Profissões da USP desde 2011, levou uma série de projetos desenvolvidos em Etecs e Fatecs da capital, da Grande São Paulo e do interior, incluindo um elevador controlado por voz (que foi premiado no ano passado na sétima edição da Feira Tecnológica da instituição), um trabalho sobre reutilização de isopor que já foi apresentado em Nova York e uma impressora 3D que faz protótipos de próteses ortopédicas. A participação do Centro de Integração Empresa-Escola (Ciee) resultou em uma série de cadastros e encaminhamentos de vagas de estágio.
A transferência para o Parque Cientec possibilitou aos jovens visitantes experiências que não estariam na programação caso o evento tivesse acontecido no Cepeusp: sessões no novo planetário do parque, visitas ao Museu de Meteorologia e trilhas educativas para exploração de parte dos 112 hectares de mata preservada que a reserva abriga.
“Existe uma expressão em francês que diz que, para algumas coisas, a infelicidade é boa. Nós tivemos que fazer um esforço de última hora e descobrimos que o Cientec tem uma vocação para esse tipo de evento”, comentou Maria Arminda, que informou ainda que a ideia é que a Feira de Profissões volte a ser realizada no parque em 2015.
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