Da Agência USP de Notícias
No Departamento de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP, pesquisa com participação do professor Daniel Capaldo Amaral, do Grupo de Engenharia Integrada, analisou práticas de gestão que indicam como o processo de planejamento e gerenciamento de projetos de inovação deve ser organizado. O estudo destaca o método ágil, comumente utilizado em casos de inovação por mudar o foco e antever somente um conjunto de tarefas para execução do projeto. O objetivo é amparar os gerentes de projeto, na medida em que não são previstos todos os detalhes do projeto, mas somente a expectativa de como ele será implementado, ajustando-se com o cliente os detalhes que surgirem.
Como planejar e gerenciar projetos de inovação? Empresas que optam pela inovação se deparam com diversas dificuldades no gerenciamento de projetos. A principal delas é que tais projetos dependem de um aprendizado da equipe e nem todas as condições são conhecidas previamente. O método tradicional de gerenciamento de projetos é utilizado para realizar uma sequência de etapas: iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, além do encerramento, corrigindo desvios ao longo do desenvolvimento. Mas, se não é possível prever antecipadamente todos os aspectos do projeto, como realizar esse plano?
De acordo com o professor, os gestores de projeto podem gastar mais tempo do que o necessário utilizando apenas um método de gerenciamento, o qual pode não se encaixar ao contexto. “Embora a teoria ágil seja mais direcionada para produtos de inovação, tal afirmação é uma tese que ainda não foi comprovada com dados reais”, ressalta. Nesse segmento de estudo, o Grupo de Engenharia Integrada da EESC, do qual o professor Amaral participa, desenvolveu métodos e instrumentos de pesquisa para aperfeiçoar o conhecimento sobre o planejamento de produtos de inovação. O grupo iniciou em 2010 os primeiros estudos na área com o objetivo de desenvolver uma metodologia para identificar e medir as técnicas de gestão de projetos por meio de questionários aplicados em empresas de manufatura e de base tecnológica, majoritariamente.
“A metodologia obteve destaque na área e despertou o interesse do Massachusetts Institute of Technology [MIT] para realizar o primeiro levantamento de dados com base em uma análise estatística e aplicação de questionários mais modernos”, destaca o professor. Pautado na metodologia do grupo, o MIT publicou recentemente o trabalho The Building Blocks of Agility as a Team’s Competence in Project Management (Os Blocos de Construção de Agilidade como a Competência de uma Equipe em Gerenciamento de Projetos, em português), com apoio do Project Management Institute (PMI). O relatório apresentou um resumo de análises preliminares e dados demográficos, contendo algumas das principais implicações nas áreas de gerenciamento de projetos e desenvolvimento de produtos em ambientes dinâmicos e de inovação.
Método ágil
“A pesquisa buscou mensurar o quanto o método ágil pode ser eficaz no planejamento de um empreendimento inovador, a partir de entrevistas realizadas com gerentes de projeto em análises do nível de desenvolvimento, autogestão, desempenho, equipe, ambiente e as práticas usadas”, explica o professor. De setembro de 2013 a março 2014 foram enviados convites da pesquisa a 9.430 entrevistados em potencial e um link para acessar o questionário. Foram recebidas 1.505 respostas, das quais 856 foram consideradas completas para o estudo, resultando em dados de 76 países e 17 setores diferentes da indústria.
Por meio de questionários, a pesquisa evidenciou que as empresas obtentoras do melhor desempenho em seus projetos foram as que utilizaram métodos resultantes de ambas as práticas de gestão – tradicional e ágil – no contexto mais adequado ao desenvolvimento de seu produto, isso é, conforme as características de seu projeto e condições do ambiente em que ele é desenvolvido. A pesquisa é um primeiro indício do desenvolvimento de métodos chamados de híbridos, os quais foram mais aplicados nas empresas de consultoria, software, serviços financeiros, telecomunicação e tecnologia da informação.
O relatório apontou que a capacidade de combinar as abordagens conforme a necessidade do processo e em diferentes linhas de projeto vem sendo um dos desafios organizacionais para lidar com a inovação. Também indicou que ter agilidade não é simplesmente utilizar os chamados métodos ágeis, e sim elevar a competência da equipe, que vai além das técnicas e ferramentas e se baseia em recursos humanos de capacidade, cultura, habilidades, experiências e diversidade, especialmente em iniciativas inovadoras.
O uso de práticas ágeis está em andamento em muitos contextos, concluiu o estudo, independentemente do tipo de produto e do grau de inovação, mas é importante reconhecer o valor das diferentes abordagens, práticas, ferramentas e técnicas de gestão disponíveis e entender quando empregar a combinação correta para cada projeto. O estudo gerou uma base de dados rica que será explorada nos próximos anos e que tem grande potencial para comprovar aspectos importantes sobre a teoria do gerenciamento ágil. A íntegra do artigo pode ser acessada neste link.
Mais informações: (16) 3373-6600, na Assessoria de Imprensa da EESC
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