Da Assessoria de Comunicação do IFSC
Uma nova linha de pesquisa multidisciplinar, dedicada ao estudo de materiais metalo-orgânicos (MOFs), está sendo criada no Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP. A área, chefiada pelo professor Javier Ellena, do Grupo de Cristalografia do IFSC, e coordenada pelo aluno de pós-doutorado Richard D’Vries, tem como principal objetivo pesquisar materiais que possam ser aplicados à indústria, incluindo a área farmacêutica, já que diversos elementos atuam como catalisadores para síntese de moléculas orgânicas, bastante procuradas por empresas desse mercado.
Além da indústria de fármacos, os MOFs contribuem na geração de energia, por meio do armazenamento de células de hidrogênio. Para Richard, esses materiais também podem ser utilizados como sensores ópticos – que variam de cor, conforme a temperatura ambiente – e, inclusive, na captação de CO2 – que causa poluição atmosférica -, armazenando o gás através de um filtro especial.
De acordo com o professor Javier, para atuar com a indústria de produção em larga escala é preciso saber qual o material certo para cada produto. Por exemplo, no caso do filtro que separa o gás carbônico, ao invés de trabalhar com metais lantanídeos, terras raras e outros materiais considerados de alto custo, é recomendável e bem mais econômico utilizar metais acessíveis, como, por exemplo, o zinco. “Para cada aplicação, há um metal diferente. Esse processo barateará o custo da peça final”, explica o docente.
Além dos dois especialistas do Instituto, a nova rede congrega diversos pesquisadores de outras universidades, tais como os professores Michael Zaworotko, da Crystal Engineering Research da University of Limerick, na Irlanda; Angeles Monge, do Instituto de Ciencia de Materiales de Madrid, na Espanha; Nazario Martin Léon, do Departamento de Química Orgânica da Universidad Complutense de Madrid; Regina Frem, do Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (Unesp); e Ihosvany Camps Rodríguez, da Universidade Federal de Alfenas. Além desses parceiros, a nova linha de pesquisa contará também com a colaboração de pesquisadores da Universidad de La Habana, em Cuba, onde já se encontra uma aluna do IFSC desenvolvendo seus estudos.
Para o pesquisador Richard, ter diversos pesquisadores como colaboradores, tanto da química, quanto da física e das engenharias, é extremamente importante, já que as pesquisas desenvolvidas no novo laboratório serão multidisciplinares. “Nós precisamos de profissionais de diferentes vertentes do conhecimento para obtermos sucesso com as pesquisas envolvendo esses materiais”, explica o estudante. Na referida rede, enquanto Javier e Richard atuarão com a síntese, a produção e a caracterização cristalográfica, espectroscópica e termodinâmica dos materiais, os demais grupos trabalharão nas aplicações avaliando propriedades ópticas, catalíticas e de absorção de gases. “Uns dos principais materiais com que trabalharemos serão os metais lantanídeos, que têm propriedades especiais em sua parte óptica, e que são pouco pesquisados”.
Quanto às pesquisas com moléculas orgânicas, Richard diz que pretende explorar moléculas ligantes alifáticas, que possuem mais versatilidade, bem como os ligantes aromáticos e moléculas maiores, que serão desenhadas e sintetizadas em colaboração com um grupo especializado em moléculas orgânicas. Por fim, todo esse trabalho conjunto no campo de compostos metalo-orgânicos, envolvendo pesquisadores nacionais e internacionais, deverá render bons resultados científicos tanto para o Brasil, quanto para os países parceiros. Agora, Richard D’Vries terá a responsabilidade de coordenar e de formar um elo entre todos os especialistas da nova rede, ainda sem nome definido.
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