Aproximar o público e despertar o interesse da população pela arte é um desafio diário para todos os profissionais que trabalham na área. Entretanto, o desafio é ainda maior quando se trata de apresentar a arte e seus conceitos para pessoas da terceira idade. Por isso, o Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP realiza cursos especialmente voltados para o público idoso, a fim de promover uma aproximação deles com os conceitos que permeiam as exposições em cartaz no Museu.
O curso para este público específico começou ainda em 1989 originalmente com o nome de Lazer com Arte para a Terceira Idade (LATI), porém, este ano, a ideia foi reformulada e adaptada. Adotando o nome de Arte Contemporânea para a Terceira Idade (ACTI) os módulos passaram a contar com oito aulas ao longo do período de dois meses e os interessados também foram divididos em duas turmas. A primeira é restrita àqueles que não têm nenhuma experiência prévia em artes e não são iniciadas na digitalidade. Já o segundo grupo é formado por pessoas com experiência artística e que conhecem o mundo digital.
Segundo o coordenador do programa, Sylvio Coutinho, o conhecimento do acervo é o que nutre toda a programação. “No primeiro encontro eu faço uma auto-apresentação e já peço pra eles trazerem três trabalhos próprios, nem que seja um pano de prato bordado. Na segunda aula, acontece uma visita guiada e as impressões que eles têm já começam a formar um repertório artístico, então, tudo é desencadeado pela visita”, relata.
O educador conta que alguns alunos procuram o curso, em suas diferentes modalidades, há mais de sete anos e que essa continuidade também traz abordagens e conhecimentos bastante distintos. Coutinho revela que “alguns amigos acham isso preocupante, mas o fato dos alunos sempre voltarem me deixa honrado. Para essas pessoas que estão comigo há tanto tempo eu posso falar sobre procedimento digitais sem precisar demonstrar. É uma diferença fundamental.” Entretanto, o professor considera que o principal ganho dos alunos em ambas as turmas ainda é o mesmo. “Quando os alunos têm mais experiência, a conversa e os trabalhos têm outra natureza, mas acho que o maior serviço que eu posso prestar é igual para todos eles: a transparência.”
As turmas são de 15 pessoas e os encontros acontecem uma vez por semana para cada grupo. Para o coordenador, a iniciativa tem caráter fundamental dentro da proposta da Universidade. “Um dos macro-objetivos da Universidade é o atendimento à comunidade. Nós temos, inclusive, uma pró-reitoria voltada a isso. Então, a USP compreendeu junto com várias instituições brasileiras, que o perfil etário da sociedade estava mudando e que há um contingente com uma demanda forte de atendimento. Nesse sentido, eu acho que o programa cumpre um papel fundamental de englobar o público da terceira idade que ainda tem muito a contribuir”, relatou.
O objetivo do curso é oferecer uma abordagem que dialoga e, assim, favorece um aprofundamento conceitual maior. Através do diálogo com as pessoas, o curso se propõe a instigar uma percepção mais sensorial e criativa da poética das obras do MAC. As atividades práticas articulam informações da história e da teoria da arte e procuram contextualizar o desenvolvimento de atividades práticas de ateliê em diversas linguagens artísticas. Dessa forma, o curso oferece uma visão bastante ampla de todo o processo artístico, até resultar no produto final, aquele que pode ser observado nas exposições-relâmpago montadas, produzidas e apresentadas pelos próprios alunos.
Sobre as aulas que foram de outubro a dezembro, já é possível fazer algumas observações. O coordenador revela que, apesar das dificuldades, a intenção é continuar e ampliar a iniciativa. “Esse novo modelo está numa fase de experimentação e pode parecer precipitado, mas eu – de imediato – sugeriria que o curso voltasse pelo menos para o formato semestral para que o conhecimento digital possa ser transmitido com mais profundidade. É uma avaliação dos próprios alunos de que as oito aulas passam muito rápido e um formato mais longo seria interessante, inclusive para que o investimento deles na aquisição de materiais seja melhor aproveitado e o aprendizado não seja interrompido”, apontou.
As inscrições para participar do curso no próximo módulo ainda não estão abertas, mas é possível visitar gratuitamente as obras em exposição no MAC. Atualmente, o Museu está recebendo 15 exposições distintas que incluem, por exemplo, a mostra retrospectiva de “Flieg fotógrafo” e a instalação “Henrique Oliveira. Transarquitetônica”. A nova sede do MAC fica na Avenida Pedro Álvares Cabral, 1301, Ibirapuera, São Paulo. O Museu fica aberto de quarta a domingo, das 10 às 18 horas e às terças-feira, das 10 às 21 horas.
Mais informações: (11) 3091-3559, email [email protected] ou site http://www.mac.usp.br/mac/index.asp
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