Do Jornal da USP
A USP forneceu todas as informações requeridas pela investigação policial no caso do jovem Victor Hugo Santos, que desapareceu na madrugada do dia 20 de setembro, sábado, durante uma festa promovida pelo Grêmio Politécnico da USP no Velódromo do Centro de Práticas Esportivas (Cepeusp). O corpo foi encontrado na Raia Olímpica na manhã da terça-feira, 23. De acordo com o laudo do Instituto Médico Legal de São Paulo, o estudante morreu afogado após ter consumido um tipo de droga novo no Brasil, o 25B-NBOMe. O laudo afirma que a morte ocorreu entre o sábado e o domingo.
Para a professora Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, superintendente de Prevenção e Proteção Universitária da USP, no que se refere especificamente à Universidade, o caso atesta que o debate sobre as festas é um dos temas mais sérios da área de segurança no campus. “Essa é uma questão que há muitos anos chama a atenção, mas na minha opinião não vem sendo enfrentada como deveria”, diz (leia texto completo na sequência).
O caso de Victor Hugo e o da remadora Bianca Miarka, agredida por dois assaltantes quando chegava ao campus para uma competição no domingo 28 de setembro, novamente colocaram a USP nas manchetes policiais. Bianca, que fez mestrado e doutorado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, foi abordada pelos assaltantes antes de entrar na USP, nas proximidades da Portaria 3, na avenida Corifeu de Azevedo Marques. “Imediatamente estudamos aquele ponto e verificamos que temos problemas de assaltos por ali. Vamos reformar um quiosque que estava abandonado para transformá-lo num posto avançado da Guarda Universitária”, anuncia a superintendente. A Prefeitura do campus já se manifestou favoravelmente à reforma, que talvez possa ocorrer num prazo mais curto, se o custo do processo não exigir licitação.
Novas câmeras
Entraves burocráticos, por sinal, estão entre os desafios que podem significar esperas mais longas entre a identificação dos problemas e a implementação das propostas de solução. De um lado, Ana Lúcia Schritzmeyer – docente do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e nomeada para a superintendência há seis meses – ressalta que “São Paulo é uma cidade que produz uma grande sensação de insegurança, muito maior do que a insegurança de fato”. Ao mesmo tempo, reconhece que o número de ocorrências, principalmente de furtos e roubos, vem crescendo no ambiente universitário. “Estamos fazendo o possível para que a curto prazo o campus se torne um lugar efetivamente mais seguro”, diz. As medidas incluem a instalação de um novo sistema de monitoramento eletrônico (câmeras), a requalificação da Guarda Universitária, a revisão da distribuição dos vigilantes terceirizados e “um diálogo realmente profícuo com as polícias Civil, Militar e Científica”.
Em relação às ocorrências, os números mostram aumento dos registros de roubos e furtos. Em 2012, por exemplo, foram 60; em 2013 subiram para 72 e, neste ano, chegaram a 93 até setembro. “Há um aumento generalizado principalmente de furtos e roubos nas grandes cidades, e São Paulo não foge à regra. No que diz respeito ao campus Butantã, de fato houve um aumento um pouco mais acentuado do que na cidade”, pondera a professora. Parte desse crescimento pode ser creditado, aponta, à melhoria dos procedimentos de registro pela Guarda Universitária – “o lado perverso das estatísticas”. Outra questão que influi nesse cenário é o fato de que o campus é uma espécie de imenso estacionamento, o que atrai a atenção de ladrões. “Há muito furto de ocasião, porque muitas pessoas talvez relaxem por estar no campus e tomem menos cuidado com o que deixam no interior dos veículos do que tomariam se estivessem no Centro da cidade, por exemplo.” O campus tem cerca de 3,7 milhões de metros quadrados de área. Transitam por ele algo como 100 mil pessoas e 90 mil veículos diariamente.
Esses roubos e furtos decorrem também do fato que o sistema de monitoramento eletrônico da Cidade Universitária “passou por um sucateamento”, define a superintendente. De acordo com a professora, na gestão reitoral anterior foram instaladas 84 câmeras em áreas externas. Parte delas teve que ser retirada junto com os postes antigos, quando da recente instalação do novo sistema de iluminação. Do total, restaram apenas 12 de boa qualidade.
O novo projeto da superintendência prevê a instalação de mais de 300 câmeras que vão cobrir as áreas comuns do campus – bolsões de estacionamento, exterior das unidades, pontos de ônibus e grandes corredores de fluxo de pedestres, como as rotas para o Conjunto Residencial (Crusp) e os restaurantes universitários.
“Apesar de todo o controle orçamentário, esse projeto foi considerado prioritário para a segurança e, portanto, será um investimento importante”, diz Ana Lúcia Schritzmeyer. A expectativa é de que, entre licitação e instalação, o sistema esteja em funcionamento em cerca de um ano. A nova iluminação também pode ser melhorada, com luzes que aumentam de intensidade quando uma câmera específica for acionada, possibilitando uma intervenção mais rápida da Guarda.
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