O Brasil, por seu contexto histórico de colonização e desenvolvimento, é muito diferente dos outros países da América Latina. Sua condição cultural e econômica tem isolado o país como a única potência emergente do continente. Mas a relação dos países de origem hispânica com a nação tupiniquim deve ser mais estreita do que simplesmente a de mercado.
A política externa de aproximação com os nossos vizinhos viveu seu auge nos últimos anos. Hoje, o cenário latino-americano está segmentado em blocos econômicos que pouco cumprem seus objetivos. Em tempos globais, as alianças regionais são indispensáveis.
O Programa de Pós-Graduação Interunidades em Integração da América Latina (Prolam) da USP, que completa 25 anos em 2014, tenta pensar essas relações de forma diferenciada. Para a professora Dilma de Melo Silva, integrante do programa, “a América Latina tem tudo para oferecer ao mundo um excelente laboratório crítico de ações, soluções e pensadores”.
A América Latina tem tudo para oferecer ao mundo um excelente laboratório crítico de ações, soluções e pensadores.
O objetivo do Prolam é produzir conhecimento sobre os processos de integração latino-americana nas dimensões econômica, política e cultural por meio de metodologia comparativa aplicada a, pelo menos, dois países da América Latina ou sobre uma temática comum aos países da região.
No final de 1987, alguns professores da USP, provenientes de várias unidades de ensino, iniciaram um processo de criação de um programa de pós-graduação que reunia em um espaço interdisciplinar docentes e pesquisadores interessados em criar um ambiente específico de reflexão e estudos sobre a América Latina.
Fizeram parte da comissão interdepartamental indicada pelas unidades para estudar a criação do Programa de Pós-Graduação em integração da América Latina os professores: Ruy Aguiar da Silva Leme (coordenador), Vicente Marotta Rangel e José Roberto Franco da Fonseca, da Faculdade de Direito (FD) da USP; Carlos Alberto Primo Braga e Elizabeth Maria Mercier Quirino Ferreira, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP; Dilma de Melo Silva e Maria Nazareth Ferreira, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP; Jorge Schartz, Irlemar Chiampi, Elizabeth de Souza Lobo Garcia, Paulo Sergio Moraes Sarmento Pinheiro, Manoel Fernando Gonçalves Seabra e Milton Santos, José Jobson Andrade Arruda e Maria Luiza Marcílio; da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP.
Linhas de pesquisa e resultados
Segundo Dilma, em 25 anos de existência, o Prolam já conferiu cerca de 400 títulos, entre Mestres e Doutores, vem estabelecendo vínculos com universidades e centros da América Latina, e se consolidou em um significativo espaço institucional de estudos reconhecido pela comunidade acadêmica dentro e fora do país.
As pesquisas acontecem ao redor de três eixos de investigação na área de humanidades e de ciências sociais aplicadas: Sociedade, Economia e Estado; Relações Internacionais e Práticas Políticas; Comunicação e Cultura.
Cada linha de pesquisa, por sua vez, compõe-se de dois projetos: Comunicação e Cultura – “Comunicação na América Latina” e “Produção artística e crítica cultural na América Latina”; Sociedade, Economia e Estado – “Políticas públicas no campo do trabalho, educação e saúde” e “Urbanização, metropolização e gestão urbana na América Latina”; e Práticas Políticas e Relações Internacionais – “Relações e práticas políticas na América Latina” e “Relações internacionais”.
Os doutores e mestres que saíram desse programa da universidade estão ministrando aulas da América Latina sob uma ótica interdiscipinar, o que é inédito em muitas universidades. Outros, como Regiane Bressan, Rodrigo Zagni, José Aparecido Rolón e Mario Villanba Filho, estão criando disciplinas específicas sobre o tema em suas unidades.
Outro resultado expressivo gerado pelo Prolam foi a criação do Fórum Permanente Arte e Cultura da América Latina, que está na sua 4ª edição. O evento realiza debates públicos sobre as diferentes produções artísticas e culturais dos países e suas escolas, resistências e formação de identidades, buscando relacionar esses conceitos com o contexto histórico e econômico.
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