Do Jornal da USP
No dia 18 de novembro, o reitor Marco Antonio Zago falou ao Jornal da USP sobre a divulgação do valor dos salários dos servidores da USP – que desde o dia 17 se encontra disponível no Portal da Transparência da USP (www.transparencia.usp.br). Para ele, a divulgação foi positiva para a Universidade. “Durante a campanha (para a Reitoria), nós insistimos em que essa seria uma atitude permanente da Reitoria, ou seja, dar maior transparência”, afirmou.
Jornal da USP – Como o senhor avalia a relevância e a repercussão da divulgação dos salários dos servidores da USP?
Marco Antonio Zago – Avalio muito positivamente. Em primeiro lugar, porque isso é algo que se tornou a norma no serviço público e não há nenhuma justificativa para que as universidades deixem de fazê-lo. Deixar de fazer poderia despertar a suspeita de que estamos escondendo algo. A experiência e a prática demonstraram que isso não é verdade, que os salários dos docentes da USP não são salários de marajás e não estão exagerados. Há alguns casos de salários maiores do que a norma, que são situações garantidas por sentenças judiciais, o que ocorre na USP e em todos os outros órgãos públicos, mas é uma minoria. Estou, inclusive, colhendo a opinião de muitas pessoas na sociedade, dizendo que surpreendentemente os salários não são assim tão expressivos, principalmente para aqueles docentes que dedicaram a sua vida à Universidade, fizeram numerosos concursos, trabalhos e orientações bastante expressivas. Portanto, entendo que foi um passo positivo para a Universidade.
JUSP – A procuradora-geral da USP, professora Maria Paula Dallari Bucci, entende que essa divulgação demonstra o fortalecimento de uma cultura de maior transparência na USP. O senhor concorda com essa avaliação?
Zago – Concordo perfeitamente. Há que se lembrar que, durante a campanha, nós insistimos em que essa seria uma atitude permanente da Reitoria, ou seja, dar maior transparência. Não foi fácil nos primeiros meses reunir todas as informações, que estavam muito dispersas na Universidade, contrariamente ao que as pessoas podem pensar. Essa é uma política permanente desta gestão.
JUSP – Que outras medidas o senhor apontaria nesse caminho da transparência?
Zago – Vamos organizar de forma ainda melhor nosso Portal da Transparência, que já está muito bem e teve melhorias técnicas. Em relação à organização de uma Controladoria na USP, passamos de uma ideia um pouco singela para uma ideia mais complexa de um sistema para nos equiparar às instituições públicas e privadas de grande fôlego. É diferente você montar algo do gênero para uma empresa de mil funcionários, que já é grande, para a de uma instituição como a USP, que só de servidores docentes e não docentes tem 23 mil. Precisamos organizar todo o processo relacionado com a Controladoria, que envolverá um sistema muito mais amplo do que apenas as dimensões financeira ou contábil.
JUSP – Do ponto de vista dos procedimentos burocráticos, a USP aguarda a publicação da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e então vai tomar a providência do corte de salários? Como isso vai funcionar?
Zago – Essa é uma questão sobre a qual não quero me manifestar, porque isso, por enquanto, é de domínio exclusivo da Procuradoria Geral. A própria procuradora nos alerta para o fato de que o acórdão do STF ainda não foi publicado, e só depois que tomar conhecimento de seu inteiro teor e estudá-lo é que ela vai poder se manifestar a respeito das iniciativas que a USP pode ou deve tomar.
JUSP – Em termos de consequências futuras da decisão de redução salarial, o senhor acha que pode haver uma perda de qualidade ou evasão de professores da USP para outras universidades, especialmente as federais, que têm um teto maior do que o das estaduais?
Zago – Estou convicto de que isso vai acontecer. É obvio que não é algo que acontece de um dia para o outro, ou que três dias depois da implantação dessas medidas nós venhamos a ter uma grande fuga de professores da USP. O efeito é mais em prazo médio e longo. Um jovem professor, antes de se candidatar para a USP, vai procurar um lugar numa universidade que ofereça um teto melhor para o seu futuro, quando já tiver dedicado 20 ou 30 anos à universidade. Vai escolher uma instituição pública – no caso, as instituições federais, em vez de escolher as estaduais, que estão limitadas por uma decisão arbitrária de manter o nível do salário do governador abaixo daquele dos ministros do STF.
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