A Secretaria Estadual da Educação (Seduc) questiona a divulgação dos dados referentes à participação de escolas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Conforme análise do órgão, publicada em nota técnica, o ranking das instituições deveria formular a média de notas dos estados considerando o índice de participação dos alunos.
Além disso, propõe a inclusão nos cálculos da quantidade de alunos que atingiram a nota mínima no Exame (450 pontos).
A Seduc utilizou informações do Enem de 2011 e elaborou tabelas e gráficos comparando rankings formados pelos resultados agregados por escola e com a base de microdados do Exame.
“Quanto mais uma escola se esforça para que todos os alunos participem, pior ela fica no resultado”,
avaliou o economista e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Daniel Campos.
Isso aconteceria porque as porcentagens menores de participantes traduzem apenas os melhores alunos, enquanto as maiores incluem estudantes com todos os níveis de aprendizado.
Caso o método mudasse, as tabelas dos rankings de avaliação do Enem passariam por uma dança das cadeiras quanto à colocação.
O Ceará deixaria de ser o 24º sobre as notas e passaria a ocupar a 7ª posição, resultado da multiplicação da média pela taxa de participação (ver tabela).
Em 2011, 57% dos alunos da rede estadual cearense fizeram o Exame, a 6ª maior participação do Brasil.
Alterações no ENEM
As sugestões propostas na nota, que se baseiam na disponibilidade de dados mais aprofundados dos resultados do Enem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) serão discutidas no encontro, em março, do Conselho Nacional de Secretários da Educação (Consed).
“A leitura com estes referencias é importante para saber como estamos como Estado e em comparação com outros, com contextos semelhantes e com situações mais diferentes”
,
afirmou a secretária da Educação do Ceará, Izolda Cela.
Izolda afirmou que o Ceará possui níveis de melhorias educacionais superiores a muitos estados, realidade que não foi demonstrada com as informações divulgadas pelo Inep.
“Ficar no conforto da avaliação de uma quantidade pequena não é negócio. Senão a gente fica como se estivéssemos inferior e, por outro lado, se coloca em segundo plano a responsabilidade das redes em incentivar a participação”,
avaliou a secretária.
Ela reconheceu que, efetivamente, a mudança no ranking não interfere nas políticas públicas de Educação.
“O mais importante não é o ranking, mas o tipo de análise que se pode fazer. Para nós é importante saber que melhoramos, mesmo com o aumento da participação, ao contrário de anos anteriores. Mas temos uma estrada de melhorias dessa média de resultado”
,
afirmou.
E o que Mais?
Na visão da Seduc, mais importante do que a média geral é a quantidade de alunos do Ensino Médio que conseguiram atingir a pontuação mínima de 450 no Enem, considerando os não participantes como nota zero.
Nessa perspectiva proporcional, o Ceará demonstra um desempenho ruim de conhecimento, tendo em vista que a nota mínima de 450 pontos ainda é baixa em relação à disputa pelas vagas em universidades públicas.
O Estado sairia da 24ª posição (com 48% de alunos que atingiram a nota) para a 15ª (com apenas 27%).
A diferença é que, com a abrangência de todos os alunos concludentes, o percentual que não fez o exame seria considerado por nota zero.