Do Jornal da USP
Um debate sobre a difusão do conhecimento abriu o ciclo A USP e a Sociedade na manhã desta terça-feira (4) na sala do Conselho Universitário. A programação faz parte das comemorações dos 80 anos da Universidade.
Os painelistas foram os quatro pró-reitores da USP. A abertura ficou a cargo do ex-reitor José Goldemberg, que preside a comissão organizadora das comemorações. Para Goldemberg, celebrações são oportunidades de identificar os pontos altos da trajetória da instituição e se orgulhar por eles, mas também de “enfrentar a dura realidade de que há coisas a melhorar”.
Antes de passar a palavra aos debatedores, o reitor Marco Antonio Zago salientou que a USP tem pela frente desafios como discutir seu papel no contexto mais amplo do futuro do ensino superior em São Paulo, modernizar seus cursos de graduação e racionalizar sua estrutura administrativa.
Mais alunos da escola pública
O pró-reitor de Graduação, Antonio Carlos Hernandes, citou a produção de artigos científicos, especialmente os de alto impacto, e o acesso do público a livros, partituras e outros materiais como formas de difundir o conhecimento da USP.
Hernandes também salientou a necessidade de debates sobre novas formas de ingresso na Universidade além do vestibular da Fuvest.
É preciso implantar novas ações de esclarecimento e informação.
Visitas às escolas públicas têm mostrado que muitos alunos da rede oficial não sabem que a USP é gratuita e, portanto, não a colocam em seu horizonte de opções quando pensam no ensino superior. É preciso, defendeu, implantar novas ações de esclarecimento e informação para que cada vez mais alunos de escolas públicas tenham a USP como foco possível.
Aumentar o impacto dos resultados
A professora Bernadette de Melo Franco, pró-reitora de Pós-Graduação, apresentou dados que demonstram que a USP vem cumprindo sua missão na área: a Universidade é responsável por 5% dos cursos, 10% dos mestres e 20% dos doutores formados no País. São titulados, em média, 4 mil mestres e 2,5 mil doutores por ano na USP. Quarenta por cento dos programas têm conceito 6 e 7, os mais altos, na avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Entre as ações de difusão do conhecimento, a pró-reitora citou a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, na qual estão disponíveis, na íntegra, mais de 43 mil trabalhos defendidos na USP. Também há outras iniciativas, como a possibilidade de assistir a eventos pela IPTV e a parceria com a TV Cultura para produção de programas na TV Univesp.
Precisamos
fazer melhor.
Aumentar o impacto dos resultados e a internacionalização, promover maior inserção no setor “não acadêmico” e promover avaliação institucional com padrão internacional são os principais desafios citados pela pró-reitora. “Precisamos fazer melhor”, disse.
Plataforma para inovação
José Eduardo Krieger, pró-reitor de Pesquisa, também apresentou números para falar da situação da USP. A Universidade responde atualmente por cerca de 25% da produção científica brasileira. Os dados demonstram que essa produção vem crescendo de forma geral no País, mas ainda não é compatível com a posição que o Brasil ocupa no cenário econômico mundial. Igualmente é preciso fazer com que a sua relevância cresça, apontou.
Krieger salientou que a Universidade pode ajudar a criar um ambiente inovador e atuar como plataforma para a indústria e a inovação. Não é seu papel, entretanto, ser a maior geradora de patentes, como ocorre no Brasil, ao contrário de outros países.
A Universidade pode ajudar
a criar um ambiente inovador.
O pró-reitor citou também as ações de divulgação da pesquisa produzida na USP nos veículos da Superintendência de Comunicação Social (SCS) da Universidade, além do estabelecimento de contrato com a Empresa de Jornalismo Júnior da Escola de Comunicações e Artes (ECA) para produção de textos de divulgação científica pelos alunos. Entre outras medidas, a Pró-Reitoria vai mapear as empresas derivadas de iniciativas nascidas na USP.
Voltar ao ciclo positivo
A pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária, Maria Arminda do Nascimento Arruda, ressaltou que a USP enfrenta um ciclo negativo de reconhecimento, marcado por questionamentos que surgem de diversos atores sociais sobre o efetivo cumprimento de suas funções. Para a professora, é essencial “pensar em relações amplas com a sociedade extramuros desta Universidade” e “colocar em ação nosso capital de conhecimento, que é nosso dom político específico”.
Colocar em ação nosso capital de conhecimento
é nosso dom político.
A pró-reitora citou ações na área de extensão que podem ajudar a pensar sobre as questões que devem nortear a difusão do conhecimento para reverter o ciclo e torná-lo novamente positivo. Entre elas estão iniciativas como o Núcleo dos Direitos, as atividades de programas como Aprender com Cultura e Extensão e A USP e as Profissões e convênios com organismos e instituições internacionais. O papel da Pró-Reitoria, defendeu Maria Arminda, “está exatamente nesse enlace entre a extensão como difusão e a cultura como introversão e auto-reflexão da Universidade”.
Os debates continuarão nos dias 10, 17 e 24 de novembro. Cada etapa tem dois relatores e, ao final do ciclo, um documento reunirá a síntese das discussões.
Leia a cobertura completa na próxima edição do Jornal da USP.
Mais informações no site USP 80 Anos.
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