A comunidade cientifica da USP comemora o recente ingresso em um projeto que promete render muitos frutos a longo prazo para a Universidade. Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a USP se tornou uma das 11 instituições sócio-fundadoras do Giant Magellan Telescope (GMT), um telescópio gigante que está sendo construído nos Estados Unidos e deve se tornar o segundo maior do mundo em alguns anos.
Três anos depois da solicitação de análise por parte de pesquisadores da USP em outubro de 2011 e com pareceres científicos favoráveis emitidos por especialistas do mundo inteiro, a Fapesp entrou no projeto que coloca a comunidade paulista de astronomia em posição privilegiada pelas próximas décadas. Para participar do consórcio internacional que já contava com universidades dos Estados Unidos, da Austrália e da Coreia, a Fapesp vai desembolsar US$ 40 milhões que garantem uma participação de 4% no tempo de uso do telescópio por pesquisadores do estado de São Paulo.
O professor do Instituto de Astronomia e Geofísica (IAG) da USP João Evangelista Steiner alertou sobre a relevância da adesão ao projeto internacional. Segundo ele, “há uma defasagem de 15 anos entre aderir ao projeto e este projeto começar a render trabalhos científicos. Portanto, nós temos que pensar hoje o que nós queremos estar fazendo em 2029 e 2030. Toda a comunidade de astronomia foi beneficiada com essa iniciativa, principalmente aqueles ligados ao estudo da óptica e do infravermelho, já que este satélite oferecerá recursos singulares para isso”.
Toda a comunidade de astronomia foi beneficiada com essa iniciativa, principalmente aqueles ligados ao estudo da óptica e do infravermelho, já que este satélite oferecerá recursos singulares para isso.
O telescópio gigante está sendo construído no Arizona, EUA, mas ficará localizado na região de Las Campanas, no Chile. Atualmente, não existe nenhum telescópio em funcionamento no mundo com dimensões parecidas e a expectativa dos astrônomos é de que esse equipamento permita observar a construção de galáxias desconhecidas, a formação de buracos negros e até planetas com massas semelhantes à da Terra em órbita com outras estrelas e com possibilidade de desenvolver vida.
O GMT será composto por sete espelhos primários de 8,4 metros e sete espelhos secundários de 1,1 metro. “Isso vai resultar numa área coletora de aproximadamente 22 metros para espectroscopia ótica e quase 25 metros para infravermelho. Além disso, ele contará com cinco equipamentos, entre eles seis raios lazer, que vão ampliar bastante as possibilidades de utilização proporcionadas”, afirmou Steiner.
Desafios superados
A construção de telescópios já é um processo naturalmente complexo. Quando se trata de telescópios gigantes, os desafios também aumentam. Entretanto, o professor do IAG revela que dois grandes problemas ligados à construção do GMT já foram superados. “Havia muitas dúvidas sobre como fazer o polimento dos espelhos com foco no centro do espelho central e não neles mesmos. Agora, com o primeiro espelho finalizado, podemos dizer que esse problema ficou para trás. O ajuste fino necessário entre os espelhos primários e secundários também era um desafio, mas recentemente nós fizemos testes bem sucedidos em relação a isso e saímos satisfeitos”, contou.
Dessa forma, o cronograma de trabalho segue dentro do prazo. O projeto foi dividido em três partes e o orçamento de US$ 1,05 bilhão ainda não foi totalmente contemplado, mas a primeira etapa já está garantida. “O GMT deve entrar em funcionamento com operação parcial em 2021, com os sete espelhos e mais dois instrumentos, para essa etapa nós já temos toda a verba necessária e para as demais já temos empresas que manifestaram interesse no financiamento”, relatou o professor.
Para organizar a utilização do satélite por parte dos pesquisadores paulistas, um Conselho Técnico-Científico será formado com cadeira de todas as pós-graduações da área no estado de São Paulo. Esse conselho nomeará uma comissão que vai decidir quais projetos serão contemplados com a utlização do GMT. Porém, essa não é a única oportunidade que surge com o novo telescópio, segundo os organizadores do projeto será necessário formar equipes internacionais de instrumentação, data curation e pipelines que vão possibilitar um avanço significativo no nível dos cursos de pós-graduação, dos grupos de pesquisa e dos trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores.
No que diz respeito à USP, João Steiner enfatiza que “o IAG é o maior instituto de astronomia do Brasil, portanto é normal que tenha uma iniciativa e uma liderança natural no projeto. Além disso, quando o Brasil ingressou nos programas Gemini e Soar, o interesse dos alunos aumentou bastante. Agora, a possibilidade de atuar com um telescópio gigante deve atrair muitos novos talentos para a astronomia brasileira.”
Mais informações: site http://www.gmto.org
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