Camila Macedo, aluna de Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), já nutria o gostinho por conhecer outros países quando fez a opção pelo curso. Quando, no início de 2013, se mudou para nada menos que Paris para lá viver e estudar por cinco meses, ela já havia feito um intercâmbio durante a graduação. No entanto, da primeira vez não havia estudado em uma universidade, e o choque cultural e a experiência como um todo foram muito mais marcantes.
Neste relato ela aponta as maravilhas de se viver em Paris e conta algumas dificuldades de se estudar fora do país (sim, elas existem!).
Sorbonne
As universidades francesas são bem diferentes da brasileiras, pelo menos no caso da Sorbonne Nouvelle e da UFSC. Desde o modo como são ministradas as aulas, até os critérios de avaliação e de aprendizado, passando pela relação entre corpo docente e discente e pela maneira como são escritos e apresentados os trabalhos acadêmicos. Apesar das dificuldades, a experiência de estudar em uma universidade é inestimável.
Em Sorbonne Nouvelle, fiz algumas disciplinas do curso de Etudes Européennes (estudos europeus), que não existe na UFSC. Pude estudar economia e história da integração europeia, o espaço social europeu e história das nações europeias entre 1914 e 1945. Assim, meu semestre em Paris foi um importante complemento para minha formação acadêmica.
Escolha da universidade
Escolhi estudar em Sorbonne Nouvelle porque desde a primeira vez em que fui a Paris, quando tinha 13 anos, alimentava o sonho de morar lá. Na verdade, minha primeira opção era o Institut de Études Politique, mas, por razões que desconheço, o contrato bilateral entre essa Grand École e a UFSC foi revogado. Minha dúvida ficou entre o Institut de Études Politique de Grenoble ou escolher alguma universidade em Paris. Acabei ficando com a segunda opção.
Escolhi a Sorbonne Nouvelle porque a instituição oferece o curso de estudos europeus e é membro fundador de Sorbonne Paris Cité. No entanto, minhas aulas não eram ministradas no prédio histórico de Sorbonne no Quartier Latin, mas sim em uma sede mais recente ao sul de Paris|.
Idioma
Durante os cinco meses em que fiquei na França, eu só falava em francês, (exceto com os amigos brasileiros, claro!). As aulas eram ministradas em francês e todos os trabalhos e provas deveriam ser realizados na mesma língua. Já estudava francês há aproximadamente quatro anos e sabia falar a língua, mas poder colocá-la em prática diariamente fez com que eu melhorasse minha compreensão da fala e da escrita, e aprendesse novos vocábulos e expressões.
Relações Internacionais
Outra oportunidade incrível que o intercâmbio me proporcionou foi uma viagem acadêmica para Bruxelas, a capital da união europeia, que fica a apenas 300km de Paris. Com um grupo de outros estudantes intercambistas e franceses da graduação e do mestrado, pude visitar os principais órgãos da União Europeia, como o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia, o Comitê das Regiões e o Comitê Econômico e Social Europeu. Estivemos em contato com funcionários públicos da União Europeia, eurodeputados e membros da Comissão.
Cidade das luzes
Morar em Paris é uma experiência inesquecível. A cidade oferece muitas opções de cultura e entretenimento, principalmente para estudantes, que não pagam a entrada de vários museus e monumentos históricos e ainda têm desconto em inúmeros eventos e espetáculos. O sistema de transporte público é eficiente e com o passe mensal pode-se andar pela cidade toda por um preço fixo.
A localização de Paris no continente europeu facilita o deslocamento para outros países, seja por trem, avião ou ônibus. Como cheguei no segundo semestre do ano letivo francês, não havia mais vaga em alojamento estudantil. Depois de muita pesquisa, consegui alugar um apartamento no centro da cidade, de apenas 13m²! Mas foi ótimo, pois foi a primeira vez que morei sozinha.
Vale a pena
No geral, fazer intercâmbio em uma universidade estrangeira é uma experiência que enriquece o estudante tanto pessoalmente como academicamente. Em minha opinião, é uma oportunidade que deveria estar ao alcance de todos os alunos de Relações Internacionais, mas como o curso não está incluído no programa Ciências Sem Fronteira, a dificuldade em conseguir uma bolsa de estudos pode ser um empecilho. Eu mesma não teria ido se não fosse pelo apoio financeiro da minha família, já que conseguir um emprego em um Europa em crise não é uma tarefa simples.