Em janeiro de 2012 a estudante de Jornalismo Milena Lumini deixou sua rotina na Universidade Federal de Santa Catarina para fazer intercâmbio de um semestre na Universidad Autónoma de Madrid (UAM), na Espanha. Ela diz que sonhava com essa experiência desde o ensino médio, quando procurou algumas empresas que ofereciam o programa highschool para o Estados Unidos.
Milena acabou adiando a viagem para a faculdade, e acredita que assim tenha sido melhor. Além de estar mais madura, ela pôde escolher o país e a cidade onde queria estudar. Madri foi o destino, opção motivada pela vontade de aprender o idioma espanhol e de viver onde o clima fosse agradável (quase não chove na cidade e o frio não é tão rigoroso, conta Milena), e pelo fato de a cidade estar localizada na Europa, o que permitiria viajar bastante. Leia um pouco sobre as lembranças da estudante daquele semestre na Espanha.
Amigos e viagens
Nesse mesmo mês, há exatamente um ano, eu e outros amigos brasileiros, chilenos, mexicanos e argentinos nos reunimos na Casa de Campo, parque de Madri, para fazer um piquenique de despedida. Em breve, cada um de nós faria uma viagem diferente pela Europa e os momentos que passamos juntos, estudando ou fazendo festa pelas ruas da cidade, ficariam para trás. Fazia cinco meses que eu havia deixado a minha rotina universitária na UFSC para fazer intercâmbio na Espanha.
Já sabia andar por toda a cidade sem me perder (pegava metrô e trem todos os dias para ir da estação Marqués de Vadillo à Universidad Autónoma de Madrid), os vendedores nas lojas entendiam o meu espanhol recém aprendido e eu tinha me acostumado à indelicadeza sutil dos espanhóis, entre outros pequenos choques culturais. Ainda sorria cada vez que escutava alguns turistas brasileiros conversando no metrô, mas já começava a sentir saudade, por antecipação, da minha rotina madrileña.
Estudos
Cada uma das disciplinas que fiz eram de cursos diferentes, pois a UAM não oferece graduação em jornalismo. Às terças feiras, tinha aulas de espanhol junto com outros intercambistas e, três vezes por semana, comia um delicioso bocadillo salmão defumado antes das aulas de vôlei. Tinha aulas ótimas de Comunicación Intercultural e Historia Contemporánea e outras nem tanto, de Retórica y Agumentación e Música en los medios audiovisuales. No caminho de volta pra casa, fazia questão de descer na estação Sol e caminhar até a La Latina pra evitar uma baldeação e ver um pouco da vida no centro de Madri. Artistas de rua de todos os tipos em busca de atenção na Plaza Mayor, turistas alvoroçados pelas ruas e lojas, espanhóis impacientes saindo do trabalho, promoters de festas.
Experiências culturais valiosas
Viver em outro país é encontrar a todo momento algo novo e encantador, seja um prédio com arquitetura charmosa, um novo prato típico ou pessoas especiais. Era pra isso que eu queria fazer intercâmbio! Madri não me decepcionou em nada, é super animada e rica em vida noturna e cultural. As viagens, muito menos.
Estive em um total de 10 países e 20 cidades diferentes, onde tive experiências inesquecíveis. Passei uma noite de carnaval em Cádiz e outra sem dormir em Valencia, durante a festa das Fallas. Fiquei perdida à noite em Bruxelas sem saber uma palavra de francês. Tomei chuva e passei a noite mais fria da minha vida em um chalé de madeira em Veneza. Visitei um campo de concentração em Berlim. Vi o castelo de Praga e tomei a melhor cerveja da Europa. Conheci o hospital subterrâneo e os bares ruínas de Budapeste. Dormi na cama mais desconfortável que já vi em um albergue sujinho de Londres…
Tenho certeza de que, depois dessas experiências, hoje sou uma pessoa muito mais madura e aberta para as diferenças culturais. Fiz amizades ótimas com pessoas completamente diferentes de mim_gente da Itália, França, Alemanha, Holanda, Bélgica… Morei em um país onde o transporte público funciona bem e não se paga caro pela conta do celular. Mas também descobri porque, apesar de não termos os padrões de um país desenvolvido, gosto tanto do Brasil e da nossa gente.