Vinícius de Moraes
Nasceu e morreu no Rio de Janeiro. Foi diplomata, tendo vivido na Europa e Estados Unidos. A exemplo de Cecília, o início de sua obra está ligado ao neo-simbolismo da corrente espiritualista e à renovação católica da década de 30. Assim, pode-se perceber em alguns poemas desta época um tom bíblico. No entanto, o eixo de sua obra logo se desloca para um sensualismo erótico; destaque também para a valorização do momento. No final da década de 50, passou a compor letras para canções populares, consagrando-se como um dos fundadores do movimento musical conhecido por Bossa-Nova. A seguir, os poemas Rosa de Hiroshima (que mostra preocupação com o momento histórico – aspecto típico da segunda fase modernista) e Soneto da fidelidade (renovação do soneto com toques de erotismo).
Rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor e sem perfume
Sem rosa sem nada
Soneto da fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vive-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de que vive
Quem sabe a solidão, fim de que ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Obra
- Poesia: O caminho para a distância (1933); Forma e exegese (1935); Ariana, a mulher (1936); Novos poemas (1938); Livro dos sonetos (1957); O mergulhador (1965); A arca de Noé (1970).
- Prosa: Para viver um grande amor (1962); Para uma menina com uma flor (1966) – ambos de crônicas.
- Teatro: Orfeu da Conceição (1956) – tragédia carioca em três atos, escrita em versos; Pobre menina rica (1962) – musical cômico.
Vinícius de Moraes e Toquinho: uma das parcerias mais produtivas da MPB
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Desafios
Texto para as questões 01 e 02
Geração Coca-Cola
Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês nos empurram
Com os enlatados dos U.S.A., de 9 às 6.
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês.
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Nós somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.
Depois de vinte anos na escola
Não é fácil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser?
Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então, vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis.
(Renato Russo)
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Questão 01
A “Geração Coca-Cola” refere-se aos jovens. Essa é uma denominação negativa porque caracteriza:
a) a indiferença dos jovens quanto à pobreza.
b) uma educação influenciada por filmes de baixa qualidade.
c) a luta contra o consumo de drogas e contra a AIDs.
d) a não-aceitação dos modelos impostos pelos adultos.
e) um comportamento dependente de padrões culturais americanos.
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Questão 02
Com base na estrofe “Depois de vinte anos na escola / Não é difícil aprender / Todas as manhas do jogo sujo / Não é assim que tem que ser? / Vamos fazer nosso dever de casa”, é correto afirmar que:
a) os jovens mostram, com ironia, que são bons alunos.
b) a televisão deseduca os jovens.
c) há muita repetência escolar.
d) a escola submete os jovens a uma educação repressora.
e) aprender é fácil, mas os jovens precisam insurgir-se contra os exploradores.
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Questão 03
(UEL) Leia o poema abaixo e assinale a alternativa correta.
A rosa de Hiroshima
Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.
O poema A rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes, encontra-se no livro Nossa senhora de Los Ángeles, escrito durante a permanência do poeta nos Estados Unidos (de 1946 a 1950), e traz uma reflexão política. Em que medida esses versos podem se correlacionar com o episódio dos atentados terroristas contra os Estados Unidos, em que se deu a queda das torres do World Trade Center e de parte do Pentágono, em 11 de setembro de 2001?
a) O poema se correlaciona com esse fato porque antecipa o episódio ocorrido em 2001, uma vez que se refere à bomba atômica lançada sobre Hiroshima, pelos americanos, na época da Segunda Guerra Mundial. O poeta alerta para uma possível vingança por parte dos que sofreram a violência da guerra.
b) O poema demonstra um sujeito lírico movido pelo sentimento de antiviolência, que alerta para as consequências das ações bélicas praticadas durante a Segunda Guerra Mundial. Por isso, o poema é atual, uma vez que o mesmo sentimento pacifista ressurge em face dos atentados terroristas de 2001 e de seus desdobramentos.
c) No poema há um contraste entre o mundo oriental e o mundo ocidental, que justifica o ataque atômico feito à cidade de Hiroshima.
d) O sujeito lírico é tomado por um espírito antiamericano que vai expressamente de encontro às posturas imperialistas adotadas pelos Estados Unidos.
e) Não é possível estabelecer nenhuma correlação, pois o poema A rosa de Hiroshima é um texto lírico e, como tal, não fala de violência, enquanto os atentados ocorridos contra os Estados Unidos, em 2001, são fatos terroristas que trazem à tona a questão da violência.
Questão 04
Apesar de muito diversas, as canções Geração Coca-Cola e A rosa de Hiroshima apresentam em comum a preocupação em falar de problemas:
a) sociais.
b) geográficos.
c) metalinguísticos.
d) bélicos.
e) intertextuais.
Questão 05
Oxímoro (ou paradoxo) é uma construção textual que agrupa significados que se excluem mutuamente. Nas alternativas abaixo, estão transcritos versos retirados do poema “O operário em construção”, de Vinícius de Moraes. Pode-se afirmar que ocorre um oxímoro em:
a) “Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.”
b) “… a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.”
c) “Naquela casa vazia
Que ele mesmo levantara
Um mundo novo nascia
De que sequer suspeitava.”
d) “… o operário faz a coisa
E a coisa faz o operário.”
e) “Ele, um humilde operário
Um operário que sabia
Exercer a profissão.”
Você consegue resolver estes exercícios? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!
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