Modernismo – Segundo Momento
Passada a fase de “inovação a qualquer custo” que marcara a primeira fase modernista e sob o influxo das mais diversas desordens sociais – internas e externas -, a poesia brasileira amadurece não só formal como tematicamente. Esse amadurecimento é a principal marca de nossa poesia da segunda fase modernista.
Contexto histórico
Os autores desta época conviveram com os mais graves problemas de nosso século: a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Revolução de 30, que marca o fim da República Velha e o início da era Vargas (governo de Getúlio Vargas, de 1930 a 1945).
Características
Poesia libertária, variada, de cunho social, intimista, espiritualista e surrealista.
Há a forte produção de uma prosa regionalista, valorizando o romance nordestino.
Autores
Carlos Drummond de Andrade: Nasceu em Minas Gerais (1902) e morreu no Rio de Janeiro (1987). O mais importante poeta do modernismo é apontando pela crítica como um dos melhores da literatura brasileira.
Sua obra poética revela um lento processo de investigação da realidade humana. Desde os primeiros livros, delineiam-se as linhas básicas da poesia de Drummond: visão crítica da realidade social, frequentemente expressa através do humor e da ironia; certo desencanto com relação à vida, recusando-se a uma participação lírica ou sentimental, revelando um pessimismo em que o homem se encontra frente à frente com o vazio e o nada:
É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.
Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Vejamos um fragmento de um de seus poemas mais conhecidos.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
[…]
Obra
• Poesia: Alguma poesia (1930) – obra dedicada a Mario de Andrade; Brejo das almas (1934); Sentimento do mundo (1940); A rosa do povo (1945); Claro enigma (1951); Viola de bolso (1952); A vida passada a limpo (1959); Lição de coisas (1962); Boitempo (1968); As impurezas do branco (1973); A paixão medida (1980); Corpo (1984); Amar se aprende amando (1985); O amor natural (1992); Farewell (1996).
• Prosa (crônica e ensaios): Confissões de Minas (1944); Contos de aprendiz (1951); Passeios na ilha (1952); Fala, amendoeira (1957); A bolsa & a vida (1962); Cadeira de balanço (1970); Boca de Luar (1984).
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Desafios
Texto para questão 01
Cidade grande
Que beleza, Montes Claros.
Como cresceu Montes Claros.
Quanta indústria em Montes Claros.
Montes Claros cresceu tanto,
ficou urbe tão notória,
prima-rica do Rio de Janeiro,
que já tem cinco favelas
por enquanto, e mais promete.
(Carlos Drummond de Andrade)
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Questão 01
Entre os recursos expressivos empregados no texto, destaca-se a:
a) metalinguagem, que consiste em fazer a linguagem referir-se à própria linguagem.
b) intertextualidade, na qual o texto retoma e reelabora outros textos.
c) ironia, que consiste em se dizer o contrário do que se pensa, com intenção crítica.
d) denotação, caracterizada pelo uso das palavras em seu sentido próprio e objetivo.
e) prosopopeia, que consiste em personificar coisas inanimadas, atribuindo-lhes vida.
Poema para questões 02, 03, 04 e 05.
José
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
você que é sem nome,
que zomba dos outros,
você que faz versos,
que ama protesta,
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio – e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse…
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, para onde?
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Questão 02
Para o poeta, José só não é:
a) alguém realizado e atuante.
b) um solitário.
c) um joão-ninguém frustrado.
d) alguém sem objetivo e desesperançado.
e) n.d.a.
Questão 03
Das possibilidades sugeridas pelo oeta para que José mudasse seu destino, a mais extremada está contida no verso:
a) “se você tocasse a valsa vienense”.
b) “se você morresse”.
c) “José, para onde?”.
d) “quer ir para Minas”.
e) “José, e agora”.
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Questão 04
O verso que exprime concisamente que José é “ninguém” é:
a) “você que faz versos”.
b) “a festa acabou”.
c) “você que é sem nome”.
d) “que zomba dos outros”.
e) “Mas você não morre”.
Questão 05
Assinale a afirmativa falsa a respeito do texto.
a) José é alguém bem individualizado e a ele o poeta dirige com afetividade.
b) O ritmo dos sete primeiros versos da 5ª estrofe é dançante.
c) “Sem teogonia”, significa “sem deuses”, “sem credo”, “sem religião”.
d) Os versos são em redondilha menor porque tal ritmo se ajusta perfeitamente à intimidade, singeleza e espontaneidade das idéias.
e) n.d.a.
Você consegue resolver estes exercícios? Então resolva e coloque um comentário no post, logo abaixo, explicando o seu raciocínio e apontando a alternativa correta para cada questão. Quem compartilha a resolução de um exercício ganha em dobro: ensina e aprende ao mesmo tempo. Ensinar é uma das melhores formas de aprender!
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